SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Neste sábado (17), o Reino Unido respeitou um minuto de silêncio pouco antes do sepultamento do príncipe Philip, morto aos 99 anos, no castelo de Windsor. Ele foi casado por 73 anos com a rainha Elizabeth 2ª.
Enquanto o minuto de silêncio era seguido, o caixão dele permaneceu às portas de uma capela em Windsor, sobre uma caminhonete verde militar Land Rover, de aspecto simples. Atrás, estavam, em pé, a família real, com os príncipes Charles, seu filho, e os netos, os príncipes William e Harry. A rainha vinha mais atrás, em outro carro. Em volta, dezenas de soldados com uniformes solenes.
Os detalhes da despedida, como o design da caminhonete, foram pensados pelo próprio Philip ao longo de anos. No entanto, a cerimônia foi feita de modo reduzido, por causa da pandemia. O evento pode ser assistido ao vivo no YouTube da família real britânica.
Assim, apenas 30 pessoas foram convidadas, e a procissão ocorreu no pátio interno do castelo de Windsor, que fica nos arredores de Londres e tem servido de moradia para a família real neste período de isolamento social.
O evento teve estilo militar, a pedido de Philip, que serviu como oficial da Marinha na Segunda Guerra Mundial e manteve laços estreitos com as Forças Armadas ao longo da vida. Sob seu caixão, foi colocado um quepe da Marinha, além de um cetro, bandeiras e flores.
Representantes da Aeronáutica, Exército e Marinha estiveram presentes. O premiê britânico, Boris Johnson, disse que cedeu seu convite e assistiu ao funeral pela TV.
Na capela, além das orações, feitas por um religioso anglicano, quatro cantores interpretam músicas escolhidas pelo próprio príncipe. Os participantes sentaram em lugares distantes uns dos outros. O local foi decorado com bandeiras, e diversas medalhas foram exibidas.
Em seguida, o corpo será colocado em um cofre real. A cerimônia na capela foi restrita à família real, mas houve transmissão pela TV e pela internet.
Philip teve um funeral cerimonial, e não de Estado, geralmente reservados apenas ao monarca que comanda o país. A princesa Diana, morta em 1997, também teve uma homenagem cerimonial, por exemplo.
Devido à pandemia, as autoridades pediram aos britânicos que não fossem aos arredores de Windsor e que, em vez de levar flores aos palácios, fizessem doações de caridade.
Além da rainha, participam do funeral o príncipe Charles, 72, herdeiro do trono, ao lado da mulher, Camilla, os príncipes William e Harry, com suas esposas e filhos. Também vieram sobrinhos da rainha e três parentes alemães de Philip.
Seguindo a tradição, os convidados da família usaram fraques pretos, com medalhas no peito. As mulheres, incluindo a rainha, estavam com vestidos e chapéus da mesma cor.
Nenhum deles usou trajes militares, o que pode ser visto com um gesto para evitar constrangimentos ao principe Harry, que abriu mão de seus títulos ao renunciar à suas funções reais.
Harry, que vive na Califórnia, veio sem a mulher, Meghan Markle, que está grávida e não viajou por recomendação médica. Em março, em uma entrevista na TV, o casal fez críticas à monarquia britânica. Meghan disse ter sido alvo de declarações racistas, como ter ouvido que membros da realeza britânica estavam preocupados com a cor da pele do primeiro filho deles. Foi a primeira vez que Harry apareceu em público, ao lado da família, após a exibição da entrevista.
A história do príncipe Philippos Schleswig-Holstein Sonderburg-Glucksburg nasceu em 1921, na ilha grega de Corfu, em um lar marcado por infortúnios. Seu avô, o rei Jorge 1º da Grécia, foi assassinado. O primo, o rei Alexandre, morreu aos 27 anos de infecção após ser mordido por um macaco.
Ligada ainda à coroa dinamarquesa, a família de Philip foi forçada a se exilar quando ele ainda era um bebê após uma insurreição militar. Deixou a Grécia em uma caixa de frutas improvisada como berço. A mãe, surda, recebeu o diagnóstico de esquizofrenia.
Philip passou pela França e, depois, foi viver na Inglaterra com a avó materna, por sua vez neta da rainha Vitória (1819-1901) -o que faz dele um primo distante da rainha Elizabeth.
No Reino Unido, ele estudou e ingressou na Marinha. Em 1939, conheceu Elizabeth durante uma visita da princesa à academia naval britânica, na qual o então estudante foi destacado para ciceronear a herdeira do trono. Passaram a trocar correspondências.
Lutou na 2ª Guerra Mundial no Mediterrâneo e no Pacífico. Em 1943, salvou a própria vida e a de companheiros ao construir uma falsa embarcação que atraísse a atenção de um ataque aéreo alemão, permitindo que o destróier HMS Wallace, onde estavam os britânicos, escapasse.
Ao casar-se com Elizabeth, em 1947, Philip se naturalizou britânico, converteu-se à fé anglicana e abdicou de seus direitos a tronos estrangeiros. Virou duque de Edimburgo, o principal de seus muitos títulos, e se afastou das atividades da Marinha.
Como príncipe, passou décadas viajando pelo exterior e indo a eventos representando a monarquia e se dedicando a atividades filantrópicas. Foram mais de 22 mil cerimônias públicas. Em várias delas, cometeu gafes ao fazer piadas, parte delas de cunho racista.
Philip se aposentou da vida pública em 2017. Ele morreu no dia 9 de abril, após um período de internação hospitalar. A causa da morte não foi divulgada.