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Projeto de teatro diverte e incentiva boas práticas aos trabalhadores do corte de cana nas usinas paraibanas
19/07/2022 / 15:24
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Pelo menos duas vezes ao ano, no período do desligamento e no retorno, os trabalhadores do corte de cana da Usina Japungu, situada na região metropolitana de João Pessoa, assistem a espetáculos de teatro na empresa. As peças são apresentadas pela Companhia Paraibana de Dramas e Comédia e sempre trazem temas relacionados à vida cotidiana do trabalho e familiar dos trabalhadores.

O projeto existe há 18 anos e leva peças teatrais para trabalhadores que, talvez, nunca tenham tido oportunidade de ir ao teatro. Esse é um dia diferente, no qual as famílias dos trabalhadores, como esposas e filhos, também vão à usina para se divertirem com a encenação.

Erivan Lima, responsável por criar os roteiros, fazer cenário, figurino e adereços, explica como o teatro se tornou uma importante ferramenta de comunicação entre os trabalhadores e as usinas.

“Usamos o humor como mote na história e, dentro da história, vem as doses didáticas de como o trabalhador deve se comportar, não faltar por embriaguez, usar sempre os equipamentos de proteção para não se acidentar, enfim, vamos mostrando como ele deve se comportar no dia-a-dia no trabalho e, em casa, com a família”, disse.

A Usina Japungu foi pioneira na iniciativa, mas outras usinas também já realizam o projeto do teatro. Inclusive, a companhia já fez apresentações em todas as usinas do setor sucroenergético do Nordeste.

“Eu fico muito feliz em fazer esse trabalho porque vemos que funciona. Vejo relatos de esposas que assistiram ao espetáculo da embriaguez e o marido deixou de beber. Com isso, ele passou a se organizar e cuidar melhor da família. São pessoas muito simples, que começam a ter a possibilidade de sonhar e realizar. Isso é muito importante. O teatro é uma ferramenta de comunicação muito importante, que vale a pena, a mensagem fica na cabeça”, ressalta Erivan.

A iniciativa também revela como são favoráveis as atuais relações entre trabalhadores e usinas. Nos últimos 30 anos, nunca houve conflitos ou greves nesse setor na Paraíba.

“A inovação no trabalho é o que move a indústria do etanol ao oferecer aos trabalhadores as oportunidades de reflexão diante de quadros apresentados com bom humor e respeito às diferenças. Neste ano, a discussão foi olhar o lado bom das situações do dia-a-dia e valorizar os benefícios e o entendimento das situações de incertezas, conflitos e pressão, que tornam as pessoas ainda mais fortes e capazes. O espetáculo deste ano estimula a determinação e a capacidade de resposta para as demandas de cada pessoa com ânimo positivo”, disse o presidente-executivo do Sindalcool-PB, Edmundo Barbosa.

Espetáculo recente aborda a resiliência e trabalho da mulher no período da pandemia

Devido às restrições da pandemia, as apresentações nos últimos dois anos aconteceram de forma online. Agora, as peças voltaram a acontecer presencialmente.

“Tempo de renovar”. Esse é o tema do mais recente espetáculo que está sendo apresentado aos trabalhadores . Nos dias 11, 12, 13 e 14 de julho as peças aconteceram na Japungu. Nos dias 19, 20 e 21 ela será apresentada para os trabalhadores do corte de cana da Usina Monte Alegre, localizada em Mamanguape.

Com muito humor e momentos de interação com o público, a peça leva para o palco a importância da resiliência e a necessidade de se renovar diante das dificuldades enfrentadas na pandemia, período em que muitas pessoas refletiram sobre os próprios valores e novas oportunidades de ganhar dinheiro.

“Estamos voltando da pandemia, ainda estamos enfrentando a Covid. Apesar da vacina, a doença ainda está por aí. Nessa peça, também mostramos que as esposas podem ter uma atividade paralela ao lar, que gere renda, como fazer salgado, bolo costura, artesanato”, diz Erivan.

As mulheres também são grandes apreciadoras do projeto. Ana Rosa Ramos, esposa de um trabalhador, acompanhou sorridente o espetáculo com seus cinco filhos. “Eu gosto muito desse momento. Acho maravilhoso. Senti muita falta nesses dois anos em que não aconteceu”, diz ela.

Além do tema principal, a peça também educa sobre o combate ao assédio às mulheres e ressalta a valorização do trabalho de quem atua no corte de cana e dos produtos que são fabricados a partir do vegetal, como o açúcar e o etanol.