Quando tinha “apenas” cerca de 379 mil anos de idade, o Universo se resfriou suficientemente a ponto de permitir a formação dos primeiros átomos de hidrogênio neutros. ⁠
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O plasma superaquecido de fótons, bárions e matéria escura então desapareceu, o que deixou o Universo subitamente transparente e permitiu a transmissão da luz.⁠
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Com o fim da batalha entre a radiação e a gravitação, o Universo mergulhou em profundo silêncio.⁠
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Um jato de energia luminosa começou então a se espalhar pelo Universo. Ele era tão potente que ressoa até hoje pelos radiotelescópios, atraindo os físicos como um sinal da radiação cósmica de fundo em micro-ondas (CMB, na sigla em inglês), 13 bilhões de anos depois.⁠
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A CMB é o registro visual mais antigo e detalhado dos primórdios do Universo. Ela oferece aos cientistas um “registro fóssil” dos primeiros sons do cosmos.⁠
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“Nós vemos [os sons] impressos na radiação cósmica de fundo em micro-ondas e também na estrutura do Universo em larga escala”, segundo Larissa Santos, professora do Centro de Gravitação e Cosmologia da Universidade de Yangzhou, na China.⁠
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E é aí que entra o radiotelescópio Bingo, um projeto internacional em construção na Paraíba.⁠
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O Bingo – sigla em inglês de “BAOs de Observações Integradas de Gás Neutro” – será sintonizado com as assinaturas de radiação características do hidrogênio, o átomo mais simples, mais antigo e mais abundante do Universo.⁠
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Os átomos de hidrogênio liberam radiação com comprimento de onda de 21 centímetros. Este comprimento é invisível para o olho humano, mas pode ser detectado pelo radiotelescópio.⁠
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A energia escura “estica” a radiação das nuvens de hidrogênio mais distantes. Com isso, o comprimento de onda observado aqui na Terra aumenta. Quanto maior a distância, maior o comprimento de onda.⁠