Um pequeno ensaio clínico sugere que medicamentos como o Ozempic poderiam ser potencialmente usados não apenas para diabetes e perda de peso, mas também para proteger o cérebro, retardando a taxa em que pessoas com doença de Alzheimer perdem a capacidade de pensar claramente, lembrar de coisas e realizar atividades diárias. Os resultados precisam ser confirmados em ensaios maiores, que já estão em andamento, antes que os medicamentos possam receber aprovação para essa doença.
O estudo, com 204 pessoas com doença de Alzheimer no Reino Unido, descobriu que aqueles que tomavam o medicamento para diabetes liraglutida – uma medicação anterior na classe do Ozempic, conhecidos como agonistas do receptor GLP-1 – apresentaram um declínio cognitivo 18% mais lento ao longo de um ano em comparação com aqueles que tomavam um placebo.
No entanto, o principal objetivo do ensaio – mudar a taxa em que o cérebro metaboliza a glicose – não foi alcançado, o que os pesquisadores sugeriram que poderia ter sido resultado do seu pequeno tamanho. Os resultados foram compartilhados na terça-feira (30) na Conferência Internacional da Associação de Alzheimer na Filadélfia e ainda não foram publicados em um jornal revisado por pares.
“Sabemos há algum tempo, através de trabalhos com animais, que o GLP-1 tem um tipo diferente de atividade no cérebro”, afirma Maria Carrillo, diretora científica e líder de assuntos médicos da Associação de Alzheimer, que não esteve envolvida na pesquisa. “Este estudo realmente nos demonstra as possibilidades que existem.”
Além do benefício para a cognição, o estudo descobriu que o medicamento estava associado a uma perda de volume 50% menor em várias áreas do cérebro, de acordo com um comunicado de imprensa da Associação de Alzheimer. Essas descobertas aumentam a esperança de que ensaios maioresrealizados pelo fabricante do Ozempic, Novo Nordisk, sejam bem-sucedidos, diz Carrillo.