A reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas neste domingo (14) convocada após o ataque do Irã a Israel iniciado no sábado (13) terminou sem qualquer acordo ou consenso entre os presentes sobre como o órgão máximo da ONU deve tratar a ofensiva com risco de espalhar o conflito pelo Oriente Médio.
Na noite de sábado, centenas de drones e mísseis lançados de forma inédita pelo Irã de seu próprio território em direção a Israel avançou mais um passo na disputa maior na região entre Tel Aviv e o autodenominado “Eixo da Resistência” —grupo de atores liderados por Teerã que se opõem ao Estado judeu, entre eles o Hamas na Faixa de Gaza.
Em fala na sessão do Conselho, o embaixador iraniano na ONU, Amir Saeid Iravani, afirmou que a ação “foi necessária e proporcional”. “Foi precisa, mirou apenas alvos militares e foi feita de forma cuidado para minimizar o potencial de escalada e prevenir danos a civis”, disse.
O direito de defesa ao qual citado em sua fala fez referência ao bombardeio que atingiu a embaixada de Teerã em Damasco, na Síria, que matou comandantes da Guarda Revolucionária Iraniana em 1º de abril —atribuído a Israel. Em chave parecida se pronunciaram os representantes de Rússia, China e Síria, que ressaltaram o ataque à embaixada iraniana como violação de leis internacionais.
A ONU, na figura de seu secretário-geral, António Guterres, instou os países a terem “o máximo de comedimento”. “A população da região enfrenta um perigo real de um conflito devastador. Agora é a hora de desarmar e reduzir as tensões. Precisamos recuar do precipício”, disse Guterres.
Os Estados Unidos, o principal aliado de Israel, condenaram a ação iraniana e afirmaram na reunião da ONU que o Conselho de Segurança tem a obrigação de não deixar que as ações do Irã vão além. Foram em linhas semelhantes os comentários dos aliados ocidentais com poder de veto no Conselho, França e Reino Unido.
“Deixe-me ser claro: se as proxies do Irã tomarem ações contra os EUA ou ações adicionais contra Israel, o Irã será responsabilizado”, disse o embaixador americano na ONU Robert Wood, em referência aos atores não-estatais aliados de Teerã, como o Hezbollah libanês e os houthis iemenitas.
Já o representante israelense, Gilad Erdan, subiu o tom durante a sessão e comparou o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo iraniano, a Adolf Hitler. “O regime dos aiatolás tem um plano claro: seu objetivo tem sido e continua a ser dominação mundial, exportando sua revolução xiita radical pelo mundo”, disse Erdan.
“O regime islâmico de hoje não é diferente do Terceiro Reich, e o aiatolá Khamenei não é diferente de Adolf Hitler. O Terceiro Reich de Hitler foi pensado para ser um império de mil anos alcançando vários continentes, assim como Khamenei vê sua hegemonia xiita radical para alcançar toda a região e além.”
Folha de São Paulo