Alguns jovens entram na engenharia acreditando que dominar fórmulas basta, até descobrirem que decisões de obra exigem sensibilidade, prudência e cálculo que nenhuma faculdade entrega sozinho. Ricardo Lombardi, engenheiro civil formado pela UFPB, especialista em gestão da construção e com trinta anos dedicados a licitações públicas, incorporações privadas, pontes, estradas e hospitais, compartilhou comigo que seu compromisso com a formação prática nasceu da vontade de evitar que novos profissionais iniciem a carreira “às cegas”, imaginando lucros garantidos onde erros são caros.

Ele relatou um caso que o marcou: um engenheiro recém-formado assumiu a orçamentação de uma obra sem prever o impacto acumulado da oscilação mensal do aço. No terceiro mês, a margem evaporou. “Se alguém tivesse revisado aquele orçamento com ele, teria percebido que contrato sem cláusula de reajuste é salto no escuro”, afirmou. Para Lombardi, um mentor experiente teria evitado o prejuízo e transformado o tropeço em aprendizado estratégico.

Engenheiros do Futuro

Esse treinamento criado por ele já qualificou mais de 200 profissionais, ajudou a criar 18 empresas e acelerou carreiras a cargos de gerência em menos de dois anos. O programa incorpora “engenheiros anjo”, aposentados com larga vivência em obras complexas que orientam jovens por valores acessíveis. Segundo ele, essa união entre vontade de fazer e experiência acumulada cria o tipo de profissional que as empresas disputam.

Na palestra que apresentou no Coop Conecta 2025, promovido pela Coopcom-PB no auditório do Sinduscon-JP, Lombardi discorreu sobre o tema “Criatividade técnica como ativo do engenheiro em mercados de alta Selic” e destacou três estratégias que o jovem pode aplicar de imediato para reduzir riscos: priorizar projetos de baixo custo inicial e rápida geração de caixa, organizar compras conjuntas para ampliar poder de negociação e substituir financiamentos caros por investidores interessados em resultados claros. Para ele, quem apresenta técnica, lógica e dados abre portas mesmo nos ciclos econômicos mais severos.

Fortalecimento da construção civil

Ele acrescentou que eventos como esse fortalecem o setor por aproximarem engenheiros, fornecedores e parceiros que, conectados, conseguem preços melhores e negócios mais sólidos. Na sua avaliação, é desse conjunto — preparo acadêmico, experiência acumulada, mentoria qualificada e boas relações profissionais — que nasce a engenharia que prospera quando o mercado endurece.

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