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Saiba identificar sinais em crianças e adolescentes vítimas de violência sexual
18/05/2021 / 13:12
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A cada dois dias, uma criança ou adolescente é vítima de violência sexual na Paraíba, de acordo com números do Disque 123. O dado é apenas uma mostra, diante do fato de que muitos casos ainda não são denunciados.

Neste 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, especialistas orientam que pais, educadores, médicos, conselheiros tutelares e outros profissionais que lidam com o público infanto-juvenil, fiquem atentos para identificarem sinais e ajudarem vítimas de exploração.

Segundo a coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Justiça de Defesa da Criança e do Adolescente, a promotora de Justiça Juliana Couto, um dos motivos da subnotificação dos casos de violência sexual contra crianças e adolescentes se deve ao fato de, na maioria das vezes, o agressor ser alguém que mantém vínculo afetivo ou de confiança com a vítima e que vive na mesma família.

Ela também lembra que o contexto da pandemia da covid-19 (que levou à necessidade do isolamento das famílias, ao fechamento de escolas e ao funcionamento precário de serviços de proteção de crianças e adolescentes) agravou esse problema.

“Muitas crianças e adolescentes têm convivido com situações de abuso e exploração sexual. Essas violências trazem sérias consequências para o desenvolvimento cognitivo, afetivo e social das vítimas e de sua família. Precisamos ter um olhar mais atento a isso, sobretudo no contexto da pandemia e a data alusiva ao 18 de maio é um importante alerta para que envolvemos as nossas atenções a esse público que é prioridade absoluta”, disse.

Confira alguns sinais apresentados por crianças e adolescentes vítimas de violência sexual:

Sinais corporais ou provas materiais:

  • Enfermidades psicossomáticas, sem causa clínica (dor de cabeça, erupções na pele, vômitos…)
  • Doenças sexualmente transmissíveis, coceira na área genital, infecções urinárias, corrimento ou outras secreções vaginais e penianas e cólicas intestinais;
  • Dor, inchaço, lesão ou sangramento nas áreas da vagina ou ânus, causando dificuldade em caminhar e sentar;
  • Baixo controle dos esfíncteres, constipação ou incontinência fecal;
  • Roupas íntimas rasgadas ou manchadas de sangue;
  • Traumatismo físico ou lesões corporais por uso de violência física.

Sinais no comportamento ou provas imateriais:

  • Medo, pânico ou sensação de desagrado em relação à certa pessoa;
  • Medo do escuro ou de lugares fechados;
  • Mudanças extremas, súbitas e inexplicadas no comportamento, como retraimento e extroversão;
  • Mal-estar pela sensação de modificação do corpo e confusão de idade;
  • Regressão a comportamentos infantis (choro sem causa aparente, urinar na roupa, chupar dedos…);
  • Tristeza, abatimento ou depressão crônica; comportamento autodestrutivo ou suicida;
  • Baixo nível de estima própria e excessiva preocupação em agradar os outros;
  • Vergonha excessiva, inclusive de mudar de roupa diante de outras pessoas;
  • Culpa e autoflagelação;
  • Ansiedade, comportamento tenso, sempre em estado de alerta, fadiga;
  • Comportamento agressivo, raivoso contra irmãos e um dos pais não incestuosos.

Sexualidade

  • Interesse ou conhecimento súbitos e não usuais sobre questões sexuais;
  • Expressão de afeto sensualizada, grau de provocação erótica inapropriado para uma criança;
  • Desenvolvimento de brincadeiras sexuais persistentes com amigos, animais e brinquedos;
  • Relato de avanços sexuais por parentes, responsáveis ou outros adultos;
  • Desenhar órgãos genitais com detalhes e características além de sua capacidade etária.

Hábitos, cuidados corporais e higiênicos

  • Abandono de comportamento infantil, dos laços afetivos, dos hábitos lúdicos, das fantasias;
  • Mudança de hábito alimentar (perda ou excesso de apetite);
  • Padrão de sono perturbado (pesadelos frequentes, agitação noturna, gritos, suores…);
  • Aparência descuidada e suja pela relutância em trocar de roupa;
  • Resistência em participar de atividades físicas;
  • Frequentes fugas de casa;
  • Prática de delitos;
  • Envolvimento em situação de exploração sexual;
  • Uso e abuso de substâncias como álcool, drogas lícitas e ilícitas.

Frequência e desempenho escolar

  • Assiduidade e pontualidade exageradas (chega antes, reluta em voltar para casa após a aula);
  • Queda injustificada na frequência na escola;
  • Dificuldade de concentração e aprendizagem resultando em baixo rendimento escolar;
  • Não participação ou pouca participação nas atividades escolares.

Fonte: Childhoom Brasil: Guia de Referência: Construindo uma Cultura de Prevenção à Violência Sexual – 4ª edição