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Se as eleições fossem hoje, Bolsonaro perderia para Doria, Lula, Ciro e Haddad no 2º turno, mostra pesquisa
30/07/2021 / 18:03
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Se as eleições acontecessem hoje, o atual presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), perderia em segundo turno para seus principais adversários, incluindo o ex-presidente Lula (PT), o governador João Doria (PSDB-SP), Ciro Gomes (PDT), o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta e o ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT). Pesquisa do Atlas Político, iniciada na segunda-feira (26) e finalizada nesta quinta (29), evidencia que a gestão conturbada da pandemia e suspeitas de irregularidades na negociação de vacinas contribuem para o desgaste da imagem do presidente, que continua focando seus esforços em apontar, sem provas, irregularidades no processo eleitoral eletrônico.

Apesar de empatado tecnicamente com Bolsonaro, devido aos 2 pontos percentuais de margem de erro para cima ou para baixo, Doria venceria com 40,6% das intenções de voto, contra 38,1% do presidente. Essa é, inclusive, a primeira vez que o governador paulista aparece no páreo para se eleger. Em maio, Doria ficava 6,1% atrás de Bolsonaro na simulação de segundo turno.

Em comparação à pesquisa anterior, Lula abriu vantagem sobre o presidente e venceria por 49,2% contra 38,1%, num eventual segundo turno, em um cenário com 12,8% de votos nulos ou brancos. De acordo com o cientista político Andrei Roman, CEO do Atlas, “a tendência é de fortalecimento de Lula. Desde o início do ano, Lula vem numa trajetória constante de crescimento”, analisa.

Ciro venceria com 43,1% a 37,7%, Mandetta com 42,9% a 37,5% e Haddad com 41,9% a 38,4%, todos expandindo sua preferência em relação ao atual mandatário.

Reprodução/Atlas Político

Rejeição x Aprovação

O Atlas mostra ainda que a rejeição ao presidente subiu, chegando a 62% no final deste mês e 37% de aprovação. A alta na desaprovação é de cinco pontos percentuais em relação a maio, quando a CPI da Pandemia teve início.

Ao analisar os dados, o cientista político Andrei Roman destaca que o noticiário tem contribuído para o desgaste da imagem do presidente, especialmente após as revelações de supostos pedidos de propina no Ministério da Saúde e indícios de irregularidade em contratos de compra de vacinas, como a indiana Covaxin.

“Há, ainda, os problemas da vida cotidiana. O impacto econômico da pandemia, com os brasileiros desempregados, a renda menor. E milhares de brasileiros que perderam alguém querido para pandemia”, explica Roman.

Segundo ele, no entanto, as ameaças de Bolsonaro à democracia não influenciam o eleitor na rejeição ao presidente. No último mês, em mais de uma ocasião, o mandatário disse que se o voto impresso não for aprovado no país, há o risco de as eleições simplesmente não acontecerem. Sem provar nada, Bolsonaro insiste que o processo eleitoral eletrônico apresenta falhas e fraudes.

“Não há derretimento de sua imagem por causa da retórica contra as instituições, nem com a insistência na fraude em eleição, uma tese aventada desde as eleições de 2018”.

Reprodução

Nordeste e Sul

Na análise por região, o Nordeste e o Sul do país são os lugares que mais se mostram contrários à reeleição de Jair: 73% e 65%, respectivamente.

Na divisão dos eleitores por religião, o presidente tem uma aprovação de 52% dos entrevistados evangélicos, contra 45% que desaprovam o seu desempenho. Entre os católicos, a rejeição vai a 69% contra 29% que o aprovam.

Reprodução

Já na divisão por renda, Bolsonaro tem rejeição maior que 50% em todas as faixas. Seu melhor desempenho está entre os eleitores que ganham entre 3000 e 10.000 reais (43% dos entrevistados aprovam sua gestão) e 2.000 e 3.000 reais (42%).

Sua maior rejeição vem entre os que ganham até 2.000 reais (69%), e os que ganham acima de 10.000 reais (também 69%).

Reinvenção do jogo político

Para o cientista político, apesar do momento de baixa, a rejeição à Bolsonaro não é irreversível. Quem não votou nele continua rejeitando, diz Romam, mas quem votou não.

A pesquisa mostra que 70% dos eleitores que votaram nele em 2018 continuam aprovando seu governo. “Bolsonaro se elegeu com 57,7 milhões de votos. Mesmo com a perda de apoio de parte desses eleitores, ele continua forte”.

Faltando um ano e três meses para o próximo pleito, todo o jogo político ainda pode ser reinventado, sugere o cientista, especialmente com a ascensão de nomes como o de Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul.

Na pesquisa desta sexta, ele aparece com 3,1% das preferências, logo atrás do governador João Doria, que tem 3,5%. “Ele é o fator novidade. Se ultrapassar o Doria, fica numa posição bem interessante para avançar, com chances do segundo turno”, opina Roman. “Aí, todo o jogo político seria reinventado”, analisa o cientista político e CEO do Atlas.

 A pesquisa Atlas Político foi feita a partir entrevistas online com 2.884 pessoas levando em conta região, faixa etária, gênero e faixa de renda. As respostas são calibradas por um algoritmo de acordo com o perfil do eleitorado.

Reprodução

Da Redação com EL País Brasil