O jornalista mexicano Nacho Lozano, 40, propõe uma reflexão sobre machismo e papéis de gênero em seu novo livro Macho Menos: Ideas para Desconstruirte (“Menos Macho: Ideias para Se Desconstruir”, em tradução livre). A obra, lançada no México, reúne entrevistas com escritoras, cientistas, políticas, uma astronauta e até uma Miss Universo para discutir caminhos de desconstrução das masculinidades tradicionais.

Durante o Hay Festival Querétaro, realizado entre 4 e 7 de setembro de 2025, Lozano conversou com a BBC News Mundo sobre os principais temas do livro. Para ele, o “macho” é um homem que assume uma superioridade de gênero, impõe sua masculinidade e se beneficia de pactos de silêncio que protegem comportamentos violentos. “Um macho é constituído de dinheiro. Ele não se compreende sem patrimônio”, afirmou.

O autor relata que cresceu em um ambiente machista e reproduziu papéis de gênero desde a infância. “Os meninos tinham autorização para ir para a aula de Educação Física de calças, mas as meninas não. Você não percebe até que se problematize”, disse. Ao longo da vida profissional, cobrindo diariamente casos de violência contra mulheres, ele passou a questionar seus próprios comportamentos.

No sexto capítulo de Macho Menos, Lozano propõe um exercício aos leitores: imaginar-se mulher para compreender situações cotidianas de assédio e desigualdade. Ele afirma que, ao aplicar essa dinâmica com outros homens, percebeu reações de choque e descrença. “Este capítulo é difícil, mas não tanto quanto viver na própria carne o que convidamos a imaginar”, pontuou.

O jornalista também reflete sobre como os brinquedos reforçam estereótipos desde cedo. “Se um menino escolhe uma cozinha de brinquedo, ouve que não é coisa de menino; se uma menina escolhe um foguete, é questionada”, diz. Para ele, permitir que meninos brinquem de cuidar poderia formar pais mais presentes e responsáveis, assim como oferecer foguetes às meninas poderia incentivar mais mulheres em áreas científicas.

Lozano defende que a desconstrução do machismo começa pela escuta e pelo estudo do feminismo. “É preciso ouvir as mulheres, observar o uso das palavras e reconhecer erros”, afirma. Ele vê no debate sobre novas masculinidades um caminho para que homens deixem de reproduzir violências e construam relações mais igualitárias.

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