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Senior living: condomínios de luxo para idosos com saúde 24h
09/09/2025 / 09:12
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Senior living cresce no Brasil com imóveis de alto padrão para 60+ –  Foto: Divulgação/ Laguna

Construtoras e incorporadoras de cidades como São Paulo e Curitiba estão apostando em empreendimentos voltados ao público de alta renda com mais de 60 anos de idade.

Os condomínios, que começam a ser entregues no ano que vem, oferecem aos moradores atividades físicas e de lazer, assistência médica integrada e serviços como o de cuidador de idosos.

O metro quadrado chega a R$ 30 mil e os condomínios podem passar dos R$ 6 mil. Em alguns prédios, os moradores precisam ser, obrigatoriamente, idosos.

Em área valorizada da região central de São Paulo, nos arredores de Higienópolis, a Naara, fundada pelo herdeiro da construtora Tecnisa, Joseph Nigri, inicia até o fim do ano a construção de um prédio que terá 68 unidades de até 145 metros quadrados.

O empreendimento, na Alameda Barros, terá parcerias com empresas que irão oferecer aos moradores atividades como hidroginástica e pilates, além de serviço de cuidador, motorista (cada serviço será cobrado a parte) e uma central de emergências médicas 24 horas (incluída nos custos do condomínio).

O valor do metro quadrado é estimado em R$ 28 mil, levando o preço da maior unidade a cerca de R$ 4 milhões. O condomínio é estimado em R$ 6 mil, a depender da unidade. Segundo dados da Loft levantados a pedido de O GLOBO, em imóveis de alto padrão na região de Higienópolis o valor médio do metro quadrado é de R$ 12.300 e o condomínio, de R$ 2.800.

— A ideia é que o morador pague mais barato nos serviços (no sistema pay per use) do que se fosse contratar de forma direta — diz Nigri.

O projeto prevê, por exemplo, que um mesmo cuidador poderá atender mais de um morador. Segundo os responsáveis, grupos de idosos têm procurado a empresa antes do lançamento do produto, interessados em adquirirem apartamentos de forma conjunta para morarem perto dos amigos. A comercialização deve começar no segundo semestre deste ano.

Marcelo Nudelman, CEO da Think Construtora, empresa que também atua no empreendimento, diz que a ideia é levar o modelo para outros bairros de alta renda de São Paulo.

— Já temos mais um projeto juntos em Pinheiros (um senior living na Rua Francisco Leitão, cujo terreno já foi adquirido) e acredito que o Naara se encaixa bem em vários bairros de São Paulo como Jardins, Vila Mariana, Paraíso, Vila Nova Conceição, entre outros. Temos interesse em áreas nessas localidades — diz Nudelman.

Em Curitiba, no Paraná, quem aposta no segmento é a construtora Laguna. A empresa já comercializou 90% das unidades residenciais do empreendimento que é construído no bairro Alto da Glória, na região central da capital paranaense, na Avenida João Gualberto. Serão duas torres, uma residencial e a outra comercial, equipada com consultórios e serviços de saúde. A previsão é que as obras terminem em 2026.

Os 108 apartamentos do empreendimento têm de 42 a 83 metros quadrados. As unidades também serão atendidas por uma central de emergências médicas, inclusa no preço do condomínio, e outras comodidades à parte, como serviços de limpeza e organização, além de atividades de lazer. As unidades terão botão de socorro e fechaduras eletrônicas, para acesso facilitado das equipes de saúde, caso necessário.

O metro quadrado dos apartamentos custa cerca de R$ 22 mil e o valor do condomínio, mais barato que os empreendimentos em São Paulo, começa em R$ 1.500. Em bairros nobres de Curitiba, como no Batel, o metro quadrado em imóveis de alto padrão é de cerca de R$ 14.400 e o condomínio, de R$ 30, segundo dados da Loft.

— Só poderá morar ali quem tem acima de 60 anos de idade. Devemos lançar ainda neste ano outro no Ecoville e o bairro do Batel também está no nosso radar — diz o diretor geral da Laguna, André Marin.

A proposta chamou atenção do engenheiro elétrico Jorge Heller, de 61 anos. Há tempos ele procurava uma alternativa a uma casa de repouso para a mãe, a artista plástica Haydee Heller, de 82 anos. Eles adquiriram uma unidade de cerca de 83 metros quadrados e vão vender o apartamento onde Haydee mora atualmente, que tem 110 metros quadrados.

— Não queria colocar ela em um asilo. Ela é independente, dirige, faz pilates, curso de pintura, artesanato, atividades que também serão oferecidas por lá. Ela queria continuar morando sozinha, mas, aos 82 anos, cada vez que viajo fico com o coração na mão, com medo de uma queda — diz Heller.

Ele afirma que a mãe tem uma “saúde de ferro”, não precisa de cuidador e gostaria de manter a vida social que tem em Curitiba. Toda semana, a idosa encontra as amigas para ir ao cinema e gosta de passear pela cidade. O empreendimento da Laguna foi uma sugestão da própria artista plástica.

De volta a São Paulo, a região central da cidade terá outro condomínio senior living. O projeto é da incorporadora Vitacon, conhecida pelos estúdios compactos. Também na Alameda Barros, no entorno de Higienópolis, o empreendimento terá 300 unidades de 30 a 80 metros quadrados. Os primeiros seis andares do prédio serão voltados para o uso comercial.

Assim como os demais, o condomínio será equipado de uma central de atendimento para emergências médicas e também serviço de ambulância e apartamentos com botão de emergência, além dos serviços cobrados à parte, como fisioterapia, cuidadores, manicure, entre outros. O metro quadrado praticado será na faixa de R$ 30 mil. O condomínio é estimado em R$ 3 mil.

— O projeto é acessível. Os elevadores vão ter capacidade para macas, os corredores são maiores. Estamos no processo de aprovação (junto a prefeitura), acenando para o fim de ano. E consequentemente as obras devem começar 6 meses depois — diz o CEO da Vitacon, Ariel Frankel.

CEO da Brain Inteligência Estratégica, consultoria voltada para o mercado imobiliário, Fábio Tadeu Araújo analisa que o mercado de senior living ainda engatinha no Brasil em comparação a países como Estados Unidos e nações europeias. Ele aponta que o mercado se inicia pelo segmento de altíssima renda para depois crescer em escala e, com isso, chegar a mais camadas da população.

— É um produto de nicho. São famílias que podem pagar R$10 mil, R$15 mil por mês para manter o serviço de senior living. É um mercado que vai acontecer primeiro nas grandes capitais mas que, concretamente, começa a se desenvolver. A vontade de utilização (desse tipo de serviço) é crescente, mas a capacidade de pagamento ainda é menor. A gente precisa que o preço seja menor e isso vai acontecer à medida que mais projetos de senior living sejam desenvolvidos — diz Araújo.

Com informações do jornal O Globo