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Shayne Coplan, 27, se torna o bilionário self-made mais jovem do mundo com aposta em criptomoedas
09/10/2025 / 12:35
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De falido a bilionário: Shayne Coplan transforma startup de apostas em US$ 8 bilhões
Fundador da Polymarket vira bilionário aos 27 anos após investimento da dona da Bolsa de Nova York – Foto: Kent Nishimura/Bloomberg

Alguns anos depois de abandonar a Universidade de Nova York com o sonho de fazer sucesso no mundo das criptomoedas, Shayne Coplan estava tão falido que fez um inventário dos objetos em seu apartamento no Lower East Side para poder vender o que tinha e pagar o aluguel.

“Essa ideia é boa demais para existir apenas em artigos acadêmicos”, ele lembrou ter pensado em uma postagem posterior na rede social X.

Então veio a pandemia de Covid-19 — o momento perfeito, segundo ele, para desenvolver um aplicativo que permitisse às pessoas presas em casa apostar em resultados do mundo real. Coplan começou a construir a Polymarket em seu banheiro e lançou a plataforma em junho de 2020.

Não foi um caminho fácil. A postura da empresa de agir rápido e pedir permissão depois entrou repetidamente em conflito com os órgãos reguladores, que a obrigaram a proibir usuários dos Estados Unidos por anos, já que não era uma bolsa registrada. Uma semana após a eleição presidencial de 2024 — na qual os usuários da Polymarket apostaram mais de US$ 3 bilhões — o apartamento de Coplan foi invadido por agentes do FBI.

Mas agora Coplan e sua empresa estão em alta, depois que a Intercontinental Exchange (ICE), controladora da Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), anunciou que investirá até US$ 2 bilhões na Polymarket, avaliando a startup em US$ 8 bilhões antes do aporte.

Esse acordo torna seu fundador, de 27 anos, o mais jovem bilionário self-made — que não é herdeiro — acompanhado pelo Índice de Bilionários da Bloomberg.

Procurado pela reportagem, um porta-voz da Polymarket recusou-se a comentar.

Os mercados de previsão, como o Polymarket, permitem que os usuários apostem nos resultados de diversos eventos, como eleições, decisões do Federal Reserve, o banco central americano, sobre cortes de juros ou até quem será a Personalidade do Ano da revista Time. Eles também estão se tornando cada vez mais populares como plataforma para apostas esportivas.

Como os mercados de previsão nos EUA são regulados pela Comissão de Negociação de Futuros de Commodities (CFTC), seus defensores argumentam que eles vendem produtos financeiros atrelados aos resultados de eventos esportivos, e não apostas esportivas em si — o que lhes permite contornar as proibições estaduais sobre jogos de azar esportivos. Além disso, essas plataformas conseguiram evitar certos impostos federais e estaduais aplicados à receita de apostas esportivas.

Em agosto, a concorrente Kalshi passou a oferecer apostas em mercados de previsão por meio de uma parceria com a Robinhood Markets. A corretora eletrônica relatou que mais de dois bilhões de contratos de previsão foram negociados no terceiro trimestre.

As ações das empresas de jogos Caesars Entertainment e DraftKings caíram mais de 5% na terça-feira, após o anúncio do acordo.

Encrenca legal

A Polymarket sofreu um grande revés em 2022, quando pagou uma multa de US$ 1,4 milhão para encerrar um processo com a CFTC, que a acusava de oferecer negociações ilegais. Sem admitir nem negar as acusações, a empresa concordou em bloquear o acesso de usuários baseados nos EUA a partir de então.

Mas os reguladores suspeitavam que a Polymarket continuava a receber usuários americanos no site, e, em novembro, uma semana após o Dia da Eleição, agentes do FBI invadiram a casa de Coplan antes do amanhecer e apreenderam dispositivos eletrônicos. A empresa classificou a ação como uma “retaliação política óbvia”.

O Departamento de Justiça e a CFTC encerraram suas investigações em julho. No mesmo mês, a Polymarket adquiriu a bolsa e câmara de compensação licenciada pela CFTC, QCEX, por US$ 112 milhões, o que lhe permitiu retomar legalmente as operações nos Estados Unidos.

De acordo com dados da Pitchbook, a empresa havia levantado pelo menos US$ 255 milhões antes do investimento da ICE. Entre os investidores estão Peter Thiel e seu Founders Fund, o fundador do Ethereum, Vitalik Buterin, e a empresa de investimentos Blockchain Capital.

Outro investidor de destaque é a 1789 Capital, que investiu na Polymarket antes da eleição de 2024 e novamente neste ano. Como parte desse acordo, Donald Trump Jr., filho do presidente Donald Trump e sócio da 1789, passou a atuar como conselheiro da empresa em agosto. Ele também é conselheiro da Kalshi.

Os vínculos da empresa com Washington podem se aprofundar com o investimento da ICE. O CEO da ICE, Jeffrey Sprecher, é casado com Kelly Loeffler, ex-senadora que atualmente comanda a Administração de Pequenas Empresas (Small Business Administration) e integra o gabinete de Trump.

Com informações da Bloomberg via O Globo