O “Fórum Nordeste“, promovido pelo hub de inovação “Ilha Tech“, com apoio da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) e da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio), ocorreu nesta sexta-feira, 31, no bairro de Miramar, em João Pessoa. O evento reuniu especialistas renomados, representantes de importantes associações e atores políticos para discutir a sustentabilidade ambiental e a transição energética veicular no Brasil.
O senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB), relator do PL “Combustíveis do Futuro”, esteve presente no evento. Durante sua participação, Edmundo Barbosa, presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado da Paraíba (Sindalcool-PB), entregou a Veneziano uma cópia do estudo inédito “Trajetórias Tecnológicas mais Eficientes para a Descarbonização da Mobilidade”, encomendado à LCA e MKTempo pelo Acordo de Cooperação Mobilidade de Baixo Carbono para o Brasil (MBCB), do qual o Sindalcool-PB é signatário. O presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior, também recebeu uma cópia do documento.
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Barbosa destacou que o estudo, conduzido pelo professor Luciano Coutinho, aponta os significativos benefícios da rota tecnológica dos carros híbridos para o Brasil, tanto em termos de emprego quanto financeiros.
“O trabalho apresentado ao senador Veneziano Vital do Rêgo é uma contribuição para o enfrentamento da emergência climática, através da implementação de política pública de estado, e se constitui no mais crítico desafio contemporâneo. O estudo, preparado com a cooperação das vinte e cinco entidades que compõem o MBCB, visa a descarbonização da economia brasileira”, afirmou o executivo do Sindalcool-PB.
Durante o evento, Veneziano Vital do Rêgo falou sobre o andamento do PL “Combustíveis do Futuro”. Ele espera que o relatório seja apresentado à Comissão de Infraestrutura dentro de duas semanas, seguido pelas discussões em plenário. O senador enfatizou que a relatoria não pretende fazer mudanças que afetem a geração de empregos. “Podemos considerar algumas modificações pontuais, mas sem alterar o essencial do que foi aprovado na Câmara dos Deputados. Há três ou quatro pontos específicos que requerem nossa atenção”, disse Veneziano.
No “Fórum Nordeste”, Barbosa mediou o painel “Biocombustíveis Renováveis e Suas Contribuições para a Transição Energética”, que contou com a participação de Donizete Tokarski, representante da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio).
No painel, Tokarski expressou preocupação com a inclusão do co-processador no PL Combustível do Futuro, afirmando: “O co-processador não permitirá o desenvolvimento do diesel verde. Se incluirmos o co-processador, vamos atrasar em décadas a indústria do biodiesel e bioquerosene”.
“A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) divulgou um estudo há dois anos indicando que o uso do biodiesel B100 evita, anualmente, a morte de 244 pessoas. A poluição atmosférica, causada principalmente pela queima de combustíveis fósseis, é responsável pela morte de cerca de 50 mil pessoas por ano no Brasil, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). O uso do biodiesel B100, um combustível renovável, pode reduzir drasticamente esse número ao diminuir a emissão de poluentes nocivos. Além de salvar vidas, a redução da poluição também diminui os gastos públicos com internações hospitalares e tratamentos de doenças respiratórias causadas pela má qualidade do ar”, finalizou Tokarski.
Edmundo Barbosa destacou a presença de professoras universitárias do curso de Tecnologia Sucroalcooleira da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) no evento: Márcia Pontieri, Erika Santana e uma engenheira química recém-admitida no departamento de tecnologia sucroalcooleira. “Na Paraíba, temos uma situação ímpar. Quem quiser produzir com energia renovável e baixo carbono deve vir para cá,” disse Barbosa.
Representando o MBCB, Barbosa reforçou a importância da neo-industrialização e da correção das desigualdades regionais. “As rotas tecnológicas devem privilegiar a energia de baixo carbono. Vamos respeitar a escolha de rota tecnológica e as preferências dos consumidores. É muito diferente produzir aqui na Paraíba com energia renovável e entregar o produto já pronto”, disse Barbosa.
Edmundo ainda falou sobre a resistência à adição de biometano no gás natural. “O Brasil hoje enfrenta um déficit na balança comercial da indústria química, enquanto o setor agropecuário apresenta um superávit significativo. É preocupante que a indústria química esteja resistindo à adição de 1% de biometano na distribuição de gás natural, considerando que o biometano é altamente eficaz e resultante do tratamento de resíduos. Jundiaí é um exemplo notável de sucesso nessa área, e precisamos divulgar mais iniciativas como essa. Com o PL ‘Combustíveis do Futuro’, queremos replicar essas iniciativas em todo o país. Além disso, a área rural precisa urgentemente de maior conectividade para ampliar a produtividade e promover a inovação “, finalizou.