Os golpistas do mercado de criptomoedas costumam aproveitar assuntos do momento para criar tokens falsos e fisgar novas vítimas. A nova rede social Threads, da Meta, e o filme Barbie, ambos lançados em julho, são os temas mais recentes usados pelos criminosos virtuais.
A Kaspersky, empresa global de cibersegurança e privacidade digital, encontrou pelo menos 200 links suspeitos que usam a nova rede social como isca – alguns oferecendo criptos fake – em um monitoramento de apenas 24 horas.
Dois dos tokens falsos encontradas são o “Threadscoin” e o “Threadstoken”. O Threadscoin diz em seu site que é a “comunidade que mais cresce na rede Ethereum (ETH), trazendo poder para as tendências através da blockchain $THREADS”. Falso.
Já o Threadstoken, com o slogan “bem-vindo ao futuro da moeda digital”, pede em seu site para os usuários se cadastrarem e investirem dinheiro no novo criptoativo, que na realidade não existe.
“O Brasil é o terceiro maior consumidor de redes sociais do mundo, portanto é natural o surgimento de golpes. Os criminosos não são reconhecidos por sua ética, então usam qualquer artifício para chegar ao seu objetivo – e o mais comum é a monetização, ou seja, roubar as vítimas”, disse Fabio Assolini, diretor da Equipe Global de Pesquisa e Análise da Kaspersky para a América Latina.
Além do golpe com cripto, a empresa de segurança também encontrou esquemas que tentam vender seguidores para a nova rede social, uma falsa oferta de trabalho com salário de R$ 12 mil e mensagens de phishing para roubar logins e senhas.
Não foi só a Threads que chamou atenção dos criminosos virtuais. O filme da Barbie, que levou milhões de espectadores para os cinemas do Brasil e do mundo, também virou isca.
Pesquisa feita no Token Sniffer, site que monitora os tokens falsos do mercado, mostra que há pelos menos 30 novas criptos com o termo “Barbie”. Elas foram criadas em blockchains como Ethereum e BNB Chain (BNB).
Alguns dos novos “ativos” são os seguintes: Barbie, Barbie Inu, Barbie Swoon, Barbie Swap e Barbie Ken. Segundo análise da plataforma, eles apresentaram diversos sinais de alerta, como baixa liquidez e falhas no smart contract.
O Barbie Ken, por exemplo, ficou com zero em uma avaliação com nota máxima de 100. “A pontuação de auditoria é uma medida de quão bem o token atende aos critérios de segurança”, escreveu o Token Sniffer.
Relatório recente divulgado pela empresa de análise de blockchain Chainalysis mostra que golpistas do setor cripto arrecadaram US$ 1 bilhão por meio de esquemas fraudulentos entre janeiro e julho deste ano. O valor é 77% menor do que o registrado em 2022, mas ainda alto.
A cada dia, pelo menos 11 criptomoedas são lançadas no mercado, sendo que boa parte se enquadra na categoria de shitcoin (moeda sem fundamento). Para evitar furadas, especialistas no setor cripto sugerem que os usuários analisem bem os projetos antes de fazer qualquer investimento. Confira algumas dicas:
Verifique o endereço do site: A Kaspersky recomenda que a pessoa verifique a qualidade do site – se há erros gramaticais ou o uso de termos genéricos. “Sites oficiais sempre iniciarão com o nome da instituição. A ausência do nome é sempre um alerta de golpe importante”.
Pesquisa: A Palo Alto Networks no Brasil recomendou que o investidor leia atentamente o white paper (guia) do token para entender a proposta e verifique quem são os responsáveis. Anonimato nunca é um bom sinal, com exceção do Bitcoin.
Promessa de lucro: Muitos esquemas fraudulentos com cripto costumam fazer promessas mirabolantes de rendimento fixo, algo impossível em um mercado tão volátil. Por isso, recomenda a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em cartilha, “ligue seu alerta se encontrar expressões que indicam ‘renda certa’ ou ‘rentabilidade fixa’”.
F5 com informações do InfoMoney