O recente aumento tarifário imposto pelo governo dos Estados Unidos aos produtos brasileiros, conhecido como “tarifaço de Trump”, pode gerar sérios prejuízos à economia da Paraíba. O alerta é do Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool na Paraíba (Sindalcool-PB), que representa as usinas produtoras de etanol e açúcar no estado.
Com a taxação de 50% sobre as exportações brasileiras de açúcar, a Paraíba perderia o direito de utilizar sua parcela da Cota Preferencial destinada ao mercado norte-americano — um volume de 9.758 toneladas, dentro do total de 146.611 toneladas asseguradas por lei aos estados do Nordeste.
Segundo o Sindalcool-PB, essa medida impacta diretamente o escoamento da produção local, compromete contratos já firmados na Bolsa de Nova York (Contrato 11) e coloca em risco centenas de empregos no campo e na indústria.
“A medida cria uma incerteza jurídica grave e afeta diretamente o planejamento das usinas paraibanas, que já investiram mais de R$ 400 milhões para ampliar a produção de açúcar no estado. Além disso, freia o potencial de crescimento de um setor que é estratégico para a economia local”, afirma Edmundo Barbosa, presidente-executivo do sindicato.
Atualmente, a Paraíba produz cerca de 278 mil toneladas de açúcar por safra. O sindicato destaca que, em vez de restringir as exportações, o ideal seria ampliar o acesso ao mercado norte-americano, especialmente considerando que o Brasil é o maior exportador mundial de açúcar, com 42 milhões de toneladas por ano e o menor custo de produção global.
Outro ponto de preocupação é o histórico de pressões diplomáticas dos EUA para acabar com o imposto de importação de 18% sobre o etanol de milho americano. “A experiência durante o governo Dilma, quando a tarifa foi zerada, teve efeitos devastadores. O etanol subsidiado dos EUA inundou os portos do Nordeste, prejudicando severamente a produção nacional”, lembra Barbosa.
“O que está em jogo é muito mais do que a exportação de açúcar. Estamos falando de empregos, investimentos, arrecadação e da sobrevivência de empresas que movimentam a economia do campo à cidade. Qualquer vacilo da diplomacia brasileira pode custar caro: gerar desemprego em massa, quebrar empresas e destruir valor em uma das cadeias produtivas mais importantes do país”, conclui o presidente do Sindalcool-PB.
Hoje, o Brasil exporta cerca de 400 milhões de litros de etanol para os Estados Unidos, com foco na Califórnia. Esse é um mercado relevante para o setor sucroenergético, que emprega mais de 800 mil trabalhadores no país.