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Taxa de empreendedorismo inicial atinge marca histórica no Brasil em 18 anos
11/06/2021 / 16:21
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Quando abriu o seu primeiro negócio, no início de 2020, em João Pessoa, a empreendedora Gabrielle Rodrigues não fazia ideia de que ele seria fechado três meses depois, logo após o início da pandemia do coronavírus. Diante das restrições de funcionamento que atingiram diversas empresas, impostas pela necessidade de combater o vírus, a empreendedora, de 24 anos, não viu outra saída a não ser fechar as portas do quiosque que comercializava lanches e bebidas, por não conseguir mais arcar com os custos de funcionamento.

Apesar do revés, Gabrielle não desistiu do empreendedorismo e, há cerca de um mês, decidiu abrir um novo negócio.

Assim como ela, diante do cenário econômico que predomina no país desde o início da pandemia, milhares de brasileiros estão apostando no empreendedorismo, como revela o relatório de 2020 da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), pesquisa realizada no país pelo Sebrae, em parceria com o Instituto Brasileiro de Qualidade e Produtividade (IBQP).

Considerada a maior pesquisa de empreendedorismo do mundo, a GEM de 2020 foi realizada não só no Brasil, mas em outros 45 países.

Conforme os dados divulgados pelo Sebrae, o Brasil registrou, em 2020, a maior taxa de empreendedorismo inicial, de 23,4%, desde que a pesquisa começou a ser realizada, em 2002.

Segundo a metodologia, são considerados empreendedores iniciais quem, nos últimos 12 meses, realizou alguma ação visando ter um negócio próprio, além daqueles negócios que possuem até três anos e meio de operação.

Ainda conforme os dados, entre os empreendedores iniciais, a proporção de pessoas que empreenderam por necessidade atingiu a marca de 50,4% em 2020. Esse é o segundo maior nível da série histórica da pesquisa, ficando atrás apenas do ano de 2002, quando a pesquisa foi realizada pela primeira vez e verificou o percentual de 55,4% de empreendedores iniciais que abriram a própria empresa por necessidade.

Assim como esses empreendedores, Gabrielle Rodrigues conta que ela e o noivo decidiram abrir o novo negócio, uma casa de rações, pela necessidade de possuir renda.

“A vontade já existia, mas a necessidade impulsionou mais, pois meu noivo ficou desempregado e vimos como oportunidade abrir esse negócio, que sempre queríamos e gostamos, pois somos muito apegados aos animais”, explicou a paraibana.

Segundo ela, com cerca de um mês de funcionamento, as expectativas são boas. “Há uma esperança de que o comércio possa aquecer. Para o futuro, esperamos crescer e cultivar nossos clientes para que possamos expandir e sermos uma referência no ramo”, acrescentou.

Desempenho geral

Apesar da alta considerável da proporção de novos empreendedores iniciais no Brasil, a GEM de 2020 registrou, de forma geral, uma queda no índice de empreendedorismo.

Conforme os números, em 2020 foi verificada a menor taxa de empreendedorismo total dos últimos oito anos, de 31,6%. Esse desempenho foi motivado, entre outros fatores, pela queda da taxa de empreendedorismo estabelecido, que engloba os negócios com mais de três anos e meio de operação. Esse percentual, em 2020, foi de 8,7%, o menor registrado nos últimos 17 anos.

Para a gerente da Unidade de Gestão Estratégica e Monitoramento do Sebrae Paraíba, Ivani Costa, os dados da GEM 2020 dimensionam alguns dos diversos impactos que a crise econômica deflagrada pelo coronavírus provocou na sociedade brasileira.

“Com a pandemia da Covid-19, os mercados de todos os segmentos foram derrubados, em especial os mais antigos. Por outro lado, para ganhar a vida, porque os empregos ficaram escassos, muita gente nova e inexperiente, tentando sobreviver, abriu novos pequenos negócios”, pontuou.

Ainda conforme a gerente, considerando os altos níveis de desemprego, a tendência continua sendo de criação de novos empreendimentos.

“É importante lembrar para esses novos entrantes que o maior diferencial para o sucesso de um negócio é a educação empreendedora e a qualificação”, disse Ivani Costa.

GEM

A GEM é a maior pesquisa de empreendedorismo do mundo. Nos seus 21 anos de existência, 110 países participaram desse mapeamento, que já realizou mais de 10 milhões de entrevistas com pessoas que fazem parte da população adulta no mundo.

Em 2020, 46 países participaram do levantamento, com 140 mil pessoas entrevistadas no mundo. No Brasil, foram realizadas duas mil entrevistas, com pessoas entre 18 e 64 anos, entre os meses de julho e outubro de 2020.