
O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, decidiu reduzir as taxas de juros em 0,25 ponto percentual, estabelecendo a nova faixa entre 4% e 4,25% ao ano. A medida, divulgada nesta quarta-feira (17), atende às expectativas do mercado financeiro e representa o primeiro corte desde dezembro do ano passado, quando a taxa foi ajustada para 4,25% a 4,50%. Desde então, ocorreram cinco reuniões sem mudanças nas taxas.
Além do corte, o Fed revelou novas projeções que indicam que a maioria dos líderes da instituição prevê pelo menos dois cortes adicionais de juros ainda em 2025. O banco central realizará mais duas reuniões até o final do ano, programadas para o fim de outubro e a primeira quinzena de dezembro.
A decisão de reduzir os juros ocorre em um contexto de pressão política sobre o Fed, especialmente do presidente Donald Trump, que tem criticado a instituição e solicitado cortes nas taxas. Trump também tentou demitir Lisa Cook, uma das diretoras do Fed, mas a questão foi parar na Justiça, que suspendeu a demissão. O movimento gerou preocupações no mercado financeiro, que vê isso como um ataque à independência do banco central.
A política de juros nos EUA tem impactos diretos no Brasil. Com a redução das taxas americanas, a pressão sobre a taxa básica de juros brasileira (Selic) tende a diminuir, além de influenciar o câmbio, podendo valorizar o real frente ao dólar. O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) destacou que a criação de vagas de trabalho desacelerou e que a taxa de desemprego, embora ainda baixa, apresentou leve aumento. A inflação, por sua vez, permanece elevada, embora sob controle.
O Fomc também alertou sobre os riscos que podem afetar seus objetivos de pleno emprego e estabilidade de preços. O único membro a votar contra a decisão foi Stephen Miran, indicado por Trump, que propôs uma redução mais agressiva de 0,5 ponto percentual.
Desde a posse de Trump, o cenário econômico se tornou mais desafiador, especialmente devido à guerra tarifária. Economistas e o próprio Fed têm destacado os efeitos das sobretaxas na inflação, o que levou a instituição a adiar cortes anteriores. Contudo, dados recentes sobre um mercado de trabalho mais fraco permitiram a redução atual.
Trump, que já criticou o presidente do Fed, Jerome Powell, por sua postura, agora busca influenciar as nomeações dentro do banco. Caso a demissão de Lisa Cook seja confirmada, ele terá duas indicações na diretoria do Fed, aumentando sua influência sobre a política monetária.
A redução dos juros nos EUA também impacta os mercados globais. Juros mais baixos diminuem o rendimento das Treasuries, os títulos públicos norte-americanos, levando investidores a buscar oportunidades em outros países, como o Brasil. Isso pode resultar em um fluxo maior de capital para o Brasil e, consequentemente, uma valorização do real em relação ao dólar, além de aliviar a pressão inflacionária no país.