
O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, anunciou nesta quarta-feira (29) a redução das taxas de juros em 0,25 ponto percentual, estabelecendo a nova faixa entre 3,75% e 4% ao ano. Essa é a segunda queda consecutiva, seguindo um corte anterior em 17 de setembro, que interrompeu um período de nove meses sem alterações nas taxas.
A decisão do Fed foi impulsionada pela preocupação com a desaceleração do mercado de trabalho, mesmo diante da falta de dados atualizados devido ao shutdown do governo, que já dura 29 dias. Durante esse período, o Congresso não conseguiu aprovar o orçamento, resultando na suspensão de serviços não essenciais e na divulgação de dados econômicos.
Apesar do cenário adverso, a divulgação de dados de inflação, realizada mesmo durante o shutdown, mostrou resultados abaixo do esperado. Isso levou o Fed a priorizar a saúde do mercado de trabalho em vez de focar no controle da inflação, uma vez que o banco central possui um mandato duplo: estimular o emprego e controlar os preços.
Cortes nas taxas de juros geralmente tornam o crédito mais acessível, o que pode beneficiar o mercado de trabalho, mas também pode aumentar a pressão inflacionária. Além disso, a política de juros nos EUA tem reflexos diretos no Brasil. Com a queda das taxas americanas, há uma diminuição da pressão sobre a taxa Selic, além de possíveis efeitos sobre o câmbio, como a valorização do real frente ao dólar.
Essa foi a sétima decisão de juros desde que Donald Trump assumiu a presidência, e a segunda com redução. O cenário econômico se tornou mais desafiador devido à guerra tarifária promovida pelo governo Trump, que tem gerado preocupações sobre o aumento da inflação. Recentemente, dados indicaram uma desaceleração da economia americana, permitindo ao Fed justificar o corte nas taxas.
Trump, por sua vez, intensificou suas críticas ao Fed e ao seu presidente, Jerome Powell, chamando-o de “incompetente”. Ele expressou o desejo de ver Scott Bessent na presidência do banco central, mas afirmou que seu secretário do Tesouro rejeitou a ideia. Enquanto isso, a Suprema Corte dos EUA deve analisar em janeiro a tentativa de Trump de demitir Lisa Cook da diretoria do Fed.
A redução dos juros nos EUA também impacta os mercados. Juros mais baixos diminuem o rendimento das Treasuries, atraindo investidores para outros países, como o Brasil. Isso pode aumentar o fluxo de capital e valorizar o real em relação ao dólar, além de reduzir a pressão inflacionária no Brasil, influenciando as decisões do Banco Central.