Nas eleições 2022, o atual presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), voltou a investir na chamada “pauta de costumes” em uma tentativa de atrair o eleitorado mais conservador e religioso, algo que fez em 2018 nos debates presidenciais explorando temas como aborto, drogas e uniões LGBTQ+, por exemplo.

Em mais de uma ocasião, o mandatário já afirmou ser radicalmente contra o aborto e defensor da “vida desde a sua concepção”. O discurso é usado também para atacar outros candidatos, geralmente mais ligados à esquerda.

Quando a Colômbia descriminalizou o aborto até a 24ª semana de gestação, por exemplo, Bolsonaro disse que “no que depender de mim, lutarei até o fim para proteger a vida de nossas crianças.”

Em outra ocasião, durante ato em Belém, no Pará, ele declarou que “o Estado pode ser laico, mas o presidente é cristão. E nós, diferentemente do outro candidato, nós defendemos a vida desde a sua concepção. Nós dizemos ‘não’ ao aborto. Nós dizemos ‘não’ à ideologia de gênero. Nós dizemos ‘não’ à legalização das drogas”.

Apesar de levantar a bandeira “a favor da vida”, Bolsonaro já pensou, ou pelo menos se expressou, de forma diferente.

Em uma entrevista para a revista IstoÉ Gente, em fevereiro de 2000, quando questionado sobre o que acha da legalização do aborto, Bolsonaro afirmou: “Tem de ser uma decisão do casal”.

A repórter Cláudia Carneiro perguntou então se ele já tinha passado por alguma situação desse tipo, ao que Bolsonaro respondeu: “Já. Passei para a companheira. E a decisão dela foi manter. Está ali, ó”, disse Bolsonaro apontando para uma foto de seu filho mais novo, Jair Renan, que na época tinha 1 ano e meio.

Na mesma entrevista, o então deputado diz acreditar em Deus e ser católico, “mas é coisa rara ir à Igreja. Eu já li a Bíblia inteirinha, com atenção. Levei uns sete anos para ler. Você tem bons exemplos ali. Está escrito: ‘A árvore que não der frutos, deve ser cortada e lançada ao fogo’. Eu sou favorável à pena de morte”, afirmou.

Confira a íntegra da entrevista, republicada pela revista IstoÉ Gente

Bolsonaro defende o aborto como “escolha do casal” em entrevista dada à revista IstoÉ Gente, em 2000 – Reprodução/Internet