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Terremoto deixa ao menos 800 mortos e milhares de feridos no Afeganistão
01/09/2025 / 09:33
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Soldados e civis carregam vítimas do terremoto para uma ambulância em um aeroporto em Jalalabad, Afeganistão – Foto: Stringer/Reuters

Um terremoto de magnitude 6 matou mais de 800 pessoas e deixou ao menos 2.800 feridos em duas províncias montanhosas no leste do Afeganistão, informou o Ministério do Interior afegão, controlado pelo Talibã, nesta segunda-feira (1º).

Os tremores causaram deslizamento de terras e destruíram de aldeias. As autoridades deram início às buscas de sobreviventes nos escombros e na lama, e o número de vítimas ainda pode aumentar.

O terremoto ocorreu próximo à superfície, a apenas oito quilômetros de profundidade —o que, segundo especialistas, pode ser mais devastador. Após o primeiro, outros cinco tremores foram sentidos a centenas de quilômetros.

O desastre, um dos piores do Afeganistão, irá sobrecarregar ainda mais os recursos do país, que enfrenta crises humanitárias. Ao menos quatro províncias do leste —Nangarhar, Nuristão, Laghman e Kunar— foram afetadas pelo tremor.

Em Kunar, uma das mais afetadas, o terremoto causou deslizamento de terras e inundações, e ao menos três aldeias foram arrasadas. A região é pobre e montanhosa.

Muitas áreas do Afeganistão são inacessíveis por estradas, e as aldeias dispersas muitas vezes são feitas de estruturas de barro que são suscetíveis a desmoronamentos.

Socorristas foram enviados da capital Cabul, segundo as autoridades de saúde, para essas regiões remotas. Imagens da agência de notícia Reuters mostram helicópteros transportando vítimas, enquanto moradores ajudavam soldados e médicos a carregar os feridos para ambulâncias.

O epicentro do terremoto foi registrado próximo da cidade de Jalalabad, capital da província de Nangarhar, perto da fronteira com o Paquistão e no limite com a província de Kunar, que foi a mais afetada.

“Todas as nossas equipes foram mobilizadas para acelerar a assistência, para que um apoio abrangente e completo possa ser fornecido”, disse o porta-voz do ministério, Abdul Maten Qanee, à Reuters, citando esforços em áreas desde segurança até alimentação e saúde.

O terremoto foi um dos mais mortais do Afeganistão. Em outubro de 2023, ao menos 1.300 pessoas morreram após um terremoto atingir a província de Herat. Um pouco mais de um ano antes, em junho de 2022, tremores de magnitude 6,1 mataram mais de 1.000 pessoas.

Pelo menos 812 pessoas 610 pessoas foram mortas em Kunar e em Nangarhar, segundo as autoridades. Equipes de resgate militares se espalharam pelas duas províncias, disse o Ministério da Defesa em um comunicado, acrescentando que já havia transportado 420 pessoas, entre feridos e mortos, em 40 voos.

“Até agora, nenhum governo estrangeiro entrou em contato para fornecer apoio para trabalhos de resgate ou ajuda”, disse um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.

No Paquistão, os tremores foram sentidos em vários distritos da província fronteiriça de Khyber Pakhtunkhwa, em partes da província de Punjab, na região da Caxemira administrada pelo país vizinho e até na capital, Islamabad. Até o momento, não foram relatados grandes danos ou vítimas, disseram as autoridades paquistanesas.

Em publicação na rede X, o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), António Guterres, afirmou que a missão da organização no país está se preparando para ajudar as áreas devastadas pelo tremor.

O Afeganistão é propenso a terremotos, particularmente na cordilheira do Hindu Kush, onde as placas tectônicas indiana e eurasiática se encontram.

O país vive sob a administração do Talibã desde agosto de 2021. Desde então, o grupo tem empregado medidas que refletem sua visão extremista do islã, em especial contra mulheres. No mês passado, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu mandados de prisão para líderes do Talibã por perseguição a mulheres.

O Afeganistão enfrenta uma das piores crises humanitárias do mundo. O país passa por uma crise econômica, acentuada após os Estados Unidos decidirem cortar, no início deste ano, o envio de assistência ao país. Países da União Europeia também cortaram ajuda após o retorno do Talibã ao poder.

Com informações Reuters, AFP e Folha