SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Nesta segunda (10), o Ministério da Saúde afirmou que investiga o caso de uma gestante que morreu no Rio de Janeiro após ter sido imunizada com a vacina AstraZeneca.
Em nota enviada à coluna Painel, da Folha de S.Paulo, a pasta disse que “reavalia a imunização no grupo de gestantes sem comorbidades.”
“O Ministério da Saúde informa que foi notificado pelas secretarias de Saúde Municipal e Estadual do Rio de Janeiro e investiga o caso. Cabe ressaltar que a ocorrência de eventos adversos é extremamente rara e inferior ao risco apresentado pela Covid-19. Neste momento, a pasta recomenda a manutenção da vacinação de gestantes, mas reavalia a imunização no grupo de gestantes sem comorbidades”, respondeu o ministério em nota.
No mesmo dia, a Anvisa emitiu nota técnica em que recomenda a suspensão imediata do uso da vacina Covid da AstraZeneca/Fiocruz em mulheres gestantes. A orientação da agência é para que a indicação da bula da AstraZeneca seja seguida -nela não consta o uso em gestantes.
A vacina tem sido aplicada em outros países, sem relatos de problemas. A maioria dos dados sobre sua segurança se refere aos imunizantes da Pfizer e da Moderna em gestantes dos EUA.
Veja perguntas e respostas sobre a vacinação contra a Covid-19 nesse público.
O que dizem os estudos sobre a segurança das vacinas para gestantes e bebês?
As vacinas da Pfizer e da Moderna (que usam a mesma tecnologia, com mRNA) se mostraram seguras em gestantes a partir de um estudo com mais de 35 mil candidatas conduzido nos Estados Unidos -o país aprovou o uso dessas duas vacinas e a da Janssen.
Também foi demonstrada a capacidade das vacinas de induzir resposta imune, e sabe-se que gestantes que receberam pelo menos uma das duas vacinas da Pfizer ou da Moderna passaram anticorpos ao bebê pelo cordão umbilical.
Outras fabricantes de imunizantes devem avaliar a eficácia dos seus imunizantes nesse grupo, bem como os efeitos nos bebês e nos fetos.
As evidências científicas estão sendo continuamente revisadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pelas agências regulatórias dos EUA, do Reino Unido, do Canadá e da Europa.
Quais países têm aplicado vacinas contra a Covid-19 em gestantes?
Nos EUA, mais de 90 mil mulheres grávidas receberam as vacinas da Pfizer e da Moderna, e não houve relatos de problemas.
O comitê de vacinação do Reino Unido recomendou que gestantes recebam a vacina de forma simultânea a outros grupos de risco. As diretrizes, publicadas em abril, dizem que as mulheres podem receber qualquer vacina disponível, mas que as vacinas da Pfizer e da Moderna devem ser preferidas porque há mais dados sobre sua segurança, graças aos EUA.
Israel e Bélgica também recomendam a vacina para gestantes.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) recomenda a vacina contra a Covid-19 em grávidas e lactantes?
Em março, a OMS recomendou que gestantes sejam vacinadas, mas que consultem seus médicos antes. A entidade limita a indicação a mulheres grávidas com alto risco de contrair o coronavírus, como profissionais da saúde e pessoas com comorbidades.
O que diz o Ministério da Saúde?
No final de abril, o Ministério da Saúde anunciou que iria incluir todas as mulheres grávidas e puérperas (até 45 dias após o parto) no Programa Nacional de Imunização contra a Covid-19. A ideia é que as gestantes entrassem em duas fases no programa: na fase 1, que será iniciada até o final de maio, as gestantes e puérperas com comorbidades poderão se vacinar junto com as pessoas com comorbidades e com deficiência. Na fase 2, todas as gestantes e puérperas deveriam ser incluídas, independentemente de serem portadoras ou não de outras condições preexistentes.
Na segunda (10), porém, o Ministério da Saúde afirmou que investiga o caso de uma gestante que morreu no Rio de Janeiro após ter sido imunizada com a vacina AstraZeneca.
A pasta mantém a recomendação de vacinar gestantes, mas reavalia a imunização no grupo sem comorbidades.
A Anvisa emitiu nota técnica em que recomenda a suspensão imediata do uso da vacina Covid da AstraZeneca/Fiocruz em mulheres gestantes. A orientação da agência é para que a indicação da bula da AstraZeneca seja seguida -nela não consta o uso em gestantes.
Quais são os riscos da Covid-19 para gestantes?
Caso sejam infectadas pelo coronavírus, gestantes têm maior risco de ter a Covid-19 grave ou de morrer. Durante a pandemia, mais mulheres grávidas tiveram complicações e perdas gestacionais, segundo uma análise de 40 estudos em 17 países publicada na revista científica Lancet Global Health.
Os fatores que elevam o risco de Covid-19 grave são:
Doenças imunes;
Diabetes;
Pressão alta;
Doenças cardíacas;
Asma;
Ter sobrepeso;
Ter mais de 35 anos;
Estar no terceiro trimestre de gestação (a partir de 28 semanas);
Ser negra ou asiática.