Neste domingo (24/3), por ordem do ministro do STF Alexandre Moraes, foram presos preventivamente o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, o deputado federal Chiquinho Brazão (União-RJ) e o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão.
Os três estão na penitenciária federal de Brasília. Os irmãos Brazão são suspeitos de mandar matar a vereadora carioca Marielle, em um crime que também tirou a vida do motorista Anderson. A única sobrevivente do atentado é a jornalista Fernanda Chaves. Ex-assessora de imprensa, Chaves estava no carro com Marielle Franco e Anderson Gomes na noite de 14 de março de 2018. Marielle e Anderson foram mortos a tiros. O ex-policial Ronnie Lessa confessou ter atirado, enquanto o ex-policial Élcio Queiroz admitiu dirigir o carro de Lessa.
Já o delegado Rivaldo Barbosa é suspeito de obstrução de justiça e de atrapalhar as investigações.
De acordo com as investigações, a motivação do crime foi política. Em relatório do caso enviado ao Supremo, a Polícia Federal afirma que as divergências de Marielle na Câmara Municipal ao projeto de lei complementar 174/2016, de autoria do então vereador Chiquinho Brazão, “encontram-se no cerne da motivação do crime”.
Segundo a PF, Ronnie Lessa relatou ter ouvido de Domingos queixas sobre a atuação de Marielle em áreas de interesse da família. A polícia, contudo, relata que o ex-PM afirma existir a possibilidade de que um informante do grupo político tenha “superdimensionado” a atuação de Marielle. A PF não aponta o projeto de lei como motivo, mas afirma que ele confere verossimilhança ao relato de Ronnie Lessa sobre o que foi a origem da ordem do crime.
A PF aponta os irmãos Brazão como mentores e idealizadores do assassinato. O delegado teria ajudado a atrapalhar as investigações ao longo dos últimos seis anos e é apontado planejador e autor.
O ministro da Justiça e ex-ministro do STF, Ricardo Lewandowski disse neste domingo (24) que o relatório da PF revela o modus operandi das polícias no estado, e funciona como “uma radiografia de como operam as milícias e o crime organizado do Rio de Janeiro, inclusive com políticos e órgãos públicos”.
O relatório da Polícia Federal aponta que atuação da vereadora Marielle contra o crime organizado, especialmente grileiros, foi a base da motivação dos mandantes. A morte envolve disputa por terras e milícias.