A onda crescente de casos de violência contra a mulher na Paraíba trouxe à pauta do programa F5 desta sexta-feira (17) um recorte específico: as agressões sofridas por mulheres cristãs que congregam em igrejas evangélicas.
A bacharela em Direito Janaína Pereira, que desenvolve pesquisas sobre o tema, revelou que há um número silencioso de violência doméstica nesse grupo. “As mulheres cristãs têm vergonha de ir à delegacia”, disse em entrevista ao F5.
De acordo com Janaína, a palavra bíblica é usada, muitas vezes, de forma equivocada. “Muitas pessoas trazem um entendimento distorcido dessa questão da submissão. A palavra diz ‘a mulher submeta-se ao seu marido como ao Senhor’. Então, Cristo jamais vai fazer daquela mulher um saco de pancada”, explica.
A pesquisadora revela que, por um momento, pensou não estar preparada para lidar com o tema quando se deparou com o alto número de mulheres que sofrem violência dentro do contexto igreja. “Não só pelos seus maridos que são pastores ou líderes. Eu peguei um caso em que um pastor bateu na cara da ovelha que se sentiu contrariado porque ela foi questioná-lo em algo da relação”, contou.
O medo do julgamento e a falta de apoio entre os pares são algumas das maiores razões que fazem as mulheres permanecerem em situação de violência, de acordo com Janaína. “Eu peguei alguns casos que elas estavam presas naquele relacionamento porque buscaram a igreja para pedir socorro. E, na maioria deles, elas só ouviram a tão famosa frase ‘seja submissa, a mulher sábia edifica sua casa’. Mas, amados, não tem condição de uma mulher se submeter a um homem que lhe espanca, que lhe agride, porque o contexto de submissão diz que é algo voluntário”.
Membra da igreja evangélica há 19 anos, o trabalho de Janaína enfrenta desafios dentro de muitos espaços cristãos. “Não é um tema que eu abordo para trazer vergonha à igreja. Há muitas igrejas e líderes idôneos”, diz.
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