Representantes do agronegócio goiano invadiram a sessão da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) que votaria as matérias relacionadas a criação da taxa do agro nesta terça-feira (22/11) e forçaram o presidente da Casa, Lissauer Vieira (PSD) encerrar a sessão antes da votação que teve de ser remarcada para a quarta-feira (23/11). Os produtores deixaram rastros no edifício chegando a vandalizá-lo.
O tumulto aconteceu após os deputados rejeitarem com 22 votos um requerimento apresentado pelo deputado estadual Delegado Eduardo Prado (PL) solicitando a retirada das matérias relacionadas à taxa do agro da pauta do dia. Lissauer chegou a apreciar o pedido mas não poderia providenciar as retiradas por conta da solicitação não ter sido feita com 24 horas de antecedência.
O POVO ESTÁ NO LIMITE…
Produtores rurais invadem plenário da Assembleia Legislativa de Goiás, após deputados se negarem a parar votação de taxa do agro. @SenadoFederal @camaradeputados https://t.co/5G4TS4ydqg#urnasroubadas pic.twitter.com/YpsMPcOh4b— Guerreirasommer???? (@LenaUrlaub) November 22, 2022
Como democrata, no entanto, disse que iria submeter o requerimento aos parlamentares. A maioria, rejeitou e os manifestantes ficaram inflamados. Os seguranças bem que tentaram evitar a entrada, mas não foi possível. Todos entraram no plenário forçando inicialmente, a suspensão da sessão.
Com os ânimos exaltados, momentos depois, Lissauer encerrou a sessão que deverá ser retomada com os projetos nesta quarta-feira (23/11). O deputado estadual, Paulo Trabalho (PL) um dos autores do requerimento chegou a elogiar a invasão.
“Eu acho que o povo está tentando equilibrar a democracia. Quando um governo coage os deputados até contrário a vontade dos próprios não respeitando um setor tão importante como agronegócio que se sente traído, neste momento, o povo equilibra o processo porque não aceita mais, goela abaixo tudo que se impõe a ela”, disparou ao que chamou o movimento de “despertar do povo”. “Meus parabéns a eles!”, salientou.
Sessão adiada
Após todo o tumulto provocado pelos manifestantes, os deputados chegaram a cogitar retomar a votação e houve uma disputa entre governistas e parlamentares de oposição. É que o primeiro grupo queria que a sessão fosse retomada e votação seguisse o prumo ainda nesta quinta-feira.
Já o segundo defendia o adiamento da sessão. Passada as 17 horas, o ex-presidente da Casa, Hélio de Sousa (PSDB), que domina todo o regimento interno da Casa, dizia que o horário não permitia a retomada das atividades. O quarteto do PL, Cláudio Meirelles, Paulo Trabalho, Major Araújo e Paulo Cézar Martins foram para a mesa diretora e de lá não saíram. Dependesse deles, os trabalhos não retomariam. E não retomaram.
A base até tentou convocar uma nova sessão para esta quarta-feira com Henrique Arantes (MDB) na presidência, mas não houve consenso. Havia também a questão de que, com o regimento interno na mão, deputados que se opunham ao projeto pudessem judicializar a questão.
A questão era como seria a votação. Formato híbrido? Presencial? Presencial sem presença do público? Lissauer já havia descartado a última opção. “Sessão amanhã com público está descartada. Não tem clima”. Paulo Trabalho disse à reportagem que os manifestantes iriam acampar na Alego caso não pudessem retomar presencialmente.
Por volta das 18h20, Lissauer repudiou os atos de vandalismo que os manifestantes provocaram na Casa. “Nós não comungamos com esse tipo de atitude”, destacou. o presidente da Casa também anunciou que a votação seria hibrida e sem presença de público.
O assunto seguiu com Lissauer descendo do púlpito e conversando cara a cara com os manifestantes. Dez minutos depois com relógio próximo das 18h30 o presidente conseguiu convencê-los que não era possível avançar com a votação. Não havia outra alternativa senão adiá-la. No fim, selaram as pazes e o deputado estadual saiu aplaudido pelos produtores.