Mais ou menos como anunciado no artigo anterior, o tema realidade estendida será recorrente neste espaço tamanho o significado do lançamento do headset Vision Pro, revelado pela Apple no último dia 5 de junho. Os maiores especialistas no assunto estão chamando o Vision Pro de uma grande “virada de chave” ou próxima grande era na forma como passaremos a interagir com a tecnologia. Então, convido os leitores a continuarem comigo nesta reflexão sobre realidade virtual/realidade aumentada, ou realidade estendida, termo relativamente novo, cunhado e utilizado por especialistas no assunto, ou computação espacial, como a Apple gosta de chamar a tecnologia de sobreposição de gráficos de computador ao mundo real ao redor do usuário.
A indústria de tecnologia ainda está digerindo a esperada ousadia da Apple que lançou, segundo a própria empresa, o produto mais ambicioso que já criou e que consome cerca de cinco mil patentes, superando em muito os emblemáticos IPhones, além de ser um gadget embarcado com o mais atual e mágico design amigável da Apple. E esse é um dos principais atributos que o diferencia dos demais concorrentes e, arrisco a dizer, o que faz, de fato, adesão à novas tecnologias, novas experiências, como a que propõe a Apple, serem mais rápidas, virando objetos de desejo e ganharem posição de destaque no mercado de bilhões. Possivelmente, dentro de bem pouco tempo estaremos usando as gerações vindouras do Vision Pro em palestras de gestão eficiente, como faço hoje, por exemplo, usando o iPhone 1.
É quase uma ofensa chamar o Vision Pro de gadget, porque na verdade, trata-se de um computador completo. E que, além do produto em si, nos oferece inúmeras reflexões sobre o universo dos negócios, marketing, inovação, gestão, etc, além, é claro, da inovação tecnológica. Vou tentar trazer alguns aspectos que reuni da leitura de inúmeras análises.
A experiência imersiva sem precedentes prometida pelo Vision Pro após sete anos de especulações, é, antes de tudo, uma engenharia envolvendo inúmeros fornecedores de componentes e patentes. Neste cenário, a China desempenha um papel significativo, com seis fornecedores contribuindo com montagem, lentes, áudio, baterias de lítio, sistema de foco para VR, componentes estruturais e a montagem do dispositivo.
No entanto, a maioria dos fornecedores do Vision Pro está localizada em Taiwan. Onze empresas taiwanesas desempenham um papel crucial na fabricação dos componentes desse headset. Outras asiáticas também são fornecedoras da Apple para este produto e, infelizmente, nenhuma empresa brasileira. É a cadeia de suprimentos mais complexa da história da Apple e também deverá ser a mais lucrativa já que o custo do dispositivo é de US$1390, adiciona-se a esse montante um percentual não revelado pela empresa para o marketing e, ainda assim, a margem de lucro é enorme, já que o provável preço de venda do anunciado é de US$3.499.
Outro aspecto a ser observado e destacado sobre o Vision Pro é o sistema operacional visionOS e a experiência do usuário por trás dele. Há quem defenda que é aqui a verdadeira inovação. Enquanto outras empresas do setor se concentraram em oferecer aplicativos de treinamento para negócios e jogos/entretenimento para o mercado em massa, a Apple desenvolveu um sistema operacional completo para a realidade estendida, permitindo multitarefas reais para resolver problemas do mundo real. Com o Vision Pro, você poderá, por exemplo, receber um projeto de uma casa em um app de mensagens e visualizar o modelo 3D em escala real, ao mesmo tempo abrir um jogo, ouvir música, navegar e conversar com outra pessoa no Facetime, tudo em uma tela ilimitada. Em nenhum outro dispositivo isso é possível.
Como podem ver, a computação espacial, mencionada pela Apple no lançamento do Vision Pro, é um conceito que continua a confundir os mundos físico e digital e tem tantas nuances possíveis como dito acima, que vai merecer novos conteúdos em outros domingos abordando a incrível jornada rumo ao disruptivo que nos aguarda logo ali, num futuro muito mais próximo do que a gente imagina. Tim Cook, CEO da big tech, disse no lançamento do “gadget“: “O Vision Pro nos introduz à computação espacial da mesma forma que o Mac nos introduziu para a computação pessoal e o iPhone nos trouxe para a computação móvel”.
Antes de finalizar, no entanto, quero deixar uma provocação para abordar nas próximas semanas: os avanços nessa área da realidade estendida têm um potencial claro e gigantesco de influenciar o consumo e o varejo, criando uma nova jornada e um novo canal de vendas, transformando a forma como as pessoas consomem.
E você, o que acha, realidade ou fantasia futurista?