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Zolpidem: o remédio que os jovens estão tomando para ter alucinações
05/11/2022 / 20:47
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A nova “onda” entre os jovens tem nome e pode ser perigosíssima à saúde: Zolpidem, um remédio que causa alucinações e que virou tendência entre jovens e adolescentes do país.

O medicamento é recomendado para tratar insônia em adultos e o mesmo só deve ser utilizado após prescrição médica. Quem explica é o psiquiatra, especialista em medicina do sono, Bruno Moura Lacerda. Em entrevista ao F5 Online ele esclarece que, se mal administrado, o Zolpidem pode causar dependência e sérios transtornos.

“Como especialista em medicina do sono sempre combati o uso desse tipo de fármaco, chamado ‘droga Z’. Foi difundido que essa medicação não geraria dependência após o uso, o que de fato, não é verdade”, disse.

Ainda segundo o psiquiatra, o Zolpidem é um tipo de medicamento indutor do sono. Ele gera o ‘gatilho inicial’ para o começo do sono, agindo por duas ou cinco horas, em média, no organismo.

“Ele não possui efeitos que combatam a ansiedade ou mesmo que gerem relaxamento muscular. Sua ação ocorre apenas na indução do sono e agem também no sistema de ‘recompensa geral’, o que pode acarretar séria dependência”, concluiu o psiquiatra.

No Twitter, mais de 9 mil usuários citaram o Zolpidem em publicações, a maioria contanto experiências alucinógenas que tiveram após o uso.

Nas publicações, os jovens relatam terem perdido os sentidos e tomado atitudes exageradas que só lembraram no dia seguinte.

A atriz Bia Arantes contou no Twitter que tomou o remédio e não dormiu imediatamente. No outro dia, ao acordar, ela descobriu que havia pesquisado na internet sobre “máquinas necessárias para abrir uma padaria”.

Em um post que viralizou, um homem de 20 anos diz ter utilizado a droga pois estava se sentindo solitário. Depois disso, comprou um pacote de viagens quando estava “fora de si”. No post o jovem alega ter gastado 9 mil reais ao comprar um pacote de viagens para Buenos Aires, na Argentina, durante uma alucinação relacionada ao Zolpidem.

De acordo com o psiquiatra ouvido pelo F5 Online, o Zolpidem tem se popularizado além da conta — o que abre alas para efeitos colaterais preocupantes e quadros de dependência.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) calcula que, entre 2011 e 2018, a venda do fármaco cresceu 560% no país. Apenas em 2020, foram comercializadas 8,73 milhões de caixas desse medicamento nas farmácias brasileiras.

O psiquiatra Bruno Lacerda também chama atenção para os efeitos colaterais do Zolpidem. Segundo ele, os mais comuns são agitação, pesadelos, sonolência, dor de cabeça, tontura, amnésia anterógrada, náusea e cansaço. Na bula do remédio, as alucinações também são citadas.

“As drogas Z, foram criadas para substituir os benzodiazepínicos, que são os tarja preta. Após serem taxados como medicamentos com potencial de vício, na década de 80, essa nova classe foi desenvolvida com o intuito de promover o sono sem que houvesse a dependência, o que não ocorreu”, disse o psiquiatra.

Bruno revela que o uso recreativo do remédio está vinculado aos efeitos agradáveis gerados por ele, pois age no ‘sistema do prazer’.

Outro ponto que pode está sendo explorado pelos jovens, segundo Bruno, é o efeito colateral desenvolvido através da super dosagem do uso da medicação, que pode acarretar efeito oposto aquele que é proposto pelo uso, gerando ao invés de sonolência, um efeito euforizante.
As pessoas que tem dificuldades em iniciar ou manter o sono devem procurar um especialista pra evitar a automedicação, pois os medicamentos viciam, explica o Bruno Lacerda.

“Nós temos duas classes que demonstram esse potencial de vício, que são as drogas z e os benzodiazepínicos. Outras classes de medicamentos podem gerar ganho de peso ou hipotensão, trazendo diferentes problemas de saúde. Por isso a importância de um especialista para que a pessoa tenha um tratamento direcionado, especializado e que seja um tratamento curto, pois a principal estratégia de tratamento é a ‘higiene do sono’, para que a pessoa possa voltar a dormir sem o uso de medicamentos”, conclui o psiquiatra.