João Pessoa 28.13ºC
Campina Grande 25.9ºC
Patos 28.53ºC
IBOVESPA 128508.67
Euro 5.4528
Dólar 5.0723
Peso 0.0058
Yuan 0.7005
Análise: a farsa da meia-entrada nos eventos no Brasil
23/01/2023 / 15:32
Compartilhe:
Sem ser estudante, qualquer pessoa tira a carteirinha que dá desconto em espetáculos e shows. A facilidade para fraudar fez com que produtores de eventos dessem seus pulinhos e inventassem as famosas gambiarras brasileiras.
A entrada é meia, mas a fraude é inteira. Usando uma falsa declaração de matrícula, feita em computador e impressa em uma folha de papel comum muitos conseguem tirar uma carteira oficial da União Nacional dos Estudantes (UNE), apesar de ter saído da faculdade há anos. 

As fraudes na obtenção do documento que dá direito à meia-entrada ameaçam a própria existência do desconto para estudantes, uma idéia bem-intencionada que se tornou uma janela para abusos.

Fraudes como essa estão levando exibidores, empresários e artistas a dobrar o preço do ingresso, a criar um cartão consumo dentro de boates. Mesmo com seu cartão de crédito você é obrigado a colocar créditos em um cartão do evento. Como muita gente não utiliza o credito total, a turma que promove eventos arranjou um meio de reduzir o tamanho do rombo no caixa passando a perna no cliente. 

E a dificuldade de acesso para quem quer comprar o ingresso fisicamente com desconto? É que vendendo pelo módulo online os empresários ganham mais um pouco cobrando uma taxa de entrega. Por isso os ingressos físicos estão sendo vendidos numa loja difícil de acesso para o cliente desistir de ir nela pessoalmente. Entendeu agora? 

Segundo especialistas, os ingressos poderiam custar até 60% menos se a meia-entrada fosse limitada a 30% da lotação do espetáculo. Os poucos que não têm a carteirinha pagam o pato por causa dos espertinhos. Hoje, segundo os empresários, nas bilheterias de shows e de teatros, até 90% dos ingressos vendidos saem pela metade do preço.

No cinema, a média nacional está entre 60% e 70%. Em João Pessoa, 68% das pessoas que freqüentam o cinema pagam meia-entrada.

Um obstáculo é a dificuldade para fiscalizar. Bem ao estilo brasileiro, o Congresso cria lei sem se preocupar se vai funcionar. E o governo que quer controlar tudo sob o argumento que o país não pode ser privatizado, não controla nada.

É assim com a meia entrada, com o preço das passagens de ônibus urbanos, com a Lei de Cotas. Ninguém tem foco e competência para desenvolver uma solução completa para os problemas reais do país. 

Enquanto colocarem a culpa só no empresário a gente vai pagando a metade do dobro em quase tudo.

É ou não é uma gambiarra?