Em tempos de redes sociais, é muito interessante você assistir ao debate e ficar acompanhando, em tempo real, as reações das torcidas dos dois lados e, vez por outra, da turma fora da bolha. 

O primeiro debate deste segundo turno, promovido na noite desta segunda-feira (17) pela TV Arapuan foi, relativamente bom. O tribunal da internet chegou a fazer críticas dizendo que os candidatos não se aprofundaram nas propostas e não geraram fatos novos.

Não é verdade.

João e Pedro usaram a maior parte dos 90 minutos para tentar oferecer propostas aos telespectadores que, entre uma cochilada e outra, aguentaram acompanhar o debate até o final.

Mas nesses formatos de debate não é tão fácil aprofundar-se em temas complexos, porque o tempo é curto para determinadas contextualizações. 

De um lado, tivemos um Pedro Cunha Lima com a mesma postura do primeiro turno. Sereno, calmo, encobrindo sua juventude com uma voz firme e buscando controlar o ritmo do confronto para evitar que as discussões caminhassem para a disputa nacional e as questões paroquiais das gestões do grupo que representa politicamente predominassem.

Nesse aspecto, Pedro se deu bem. Repetiu em várias ocasiões que estava naquele instante para falar do futuro e não do passado, e da Paraíba e não do Brasil. Funcionou tanto que decepcionou as torcidas que esperavam um confronto acalorado nesses dois campos. 

Registre-se o zelo e a elegância do governador João Azevedo que em nenhum instante chegou a citar nominalmente a figura do pai de Pedro, o ex- governador Cássio Cunha Lima. Fez contrapontos, sem perder a postura nem diminuir a qualidade do debate.

Aliás, esse foi o melhor debate de João.

Ao contrário dos enfrentamentos anteriores em que ele era encurralado o tempo todo por vários adversários, no debate de ontem, Azevêdo conseguiu manter uma linha de raciocínio do começo ao fim sem se preocupar com pegadinhas. Soube defender-se com respostas prontas, praticamente em todas as ocasiões em que foi perguntado. 

Apesar de falar muito no gerúndio sobre feitos de sua gestão, conseguiu em muitas ocasiões citar obras que os adversários dizem não existir ou só ter iniciado recentemente, como a dragagem do Porto de Cabedelo e o acesso ao Parque Estadual Pedra da Boca. 

Controlando melhor as ideias, sobrou tempo, inclusive, para obrigar Pedro a fugir da pergunta sobre obras realizadas pelo seu grupo político ao longo dos anos em João Pessoa.

Para o  eleitor indeciso, ficou a sensação de que os candidatos espertamente deixaram algumas questões no ar, ou por falta de conhecimento ou para evitar entrar em bola dividida.

Exemplo disso foi a questão da matriz energética. Afinal, a Paraíba cobra ou não cobra imposto sobre energia solar?

O que será feito a partir do ano que vem quando todos dizem que não vai mais compensar ter placas fotovoltaicas por conta da mudança no processo de tributação?

Sobre o turismo, o governador disse que aumentou em 300% a verba para divulgação do estado, e Pedro prometeu aumentar em dez vezes esse valor. Mas quanto é realmente o valor ao qual eles estão se referindo? Vamos ficar repetindo o passado, apenas fazendo feiras e eventos? Ou vamos competir de verdade com outros estados nordestinos? 

Ambos divergiram sobre a privatização da Cagepa, mas acabaram concordando que é preciso buscar dinheiro privado para ela continuar competitiva após a criação do Marco Legal do Saneamento, o que não deixa de ser uma mudança nos rumos da empresa. 

Sobre a educação, perdeu-se muito tempo falando da Universidade Estadual da Paraíba, que absorve R$1 bilhão a cada gestão dos cofres públicos. Especialistas apontam que é chegada a hora do governo buscar federalizar essa universidade e pegar esse dinheiro para investir na educação básica e no ensino médio que são sofríveis no estado. 

Politicamente, não ficou evidente ainda qual a estratégia de ambos em busca do eleitor indeciso, sobretudo aqueles da região metropolitana de João Pessoa que deverão ter um peso muito grande nessa disputa.

Certamente isso vai ficar mais claro nos próximos embates.