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Análise: O que dizem os números da pesquisa IPEC/Sistema Paraíba
30/08/2022 / 06:22
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A pesquisa IPEC divulgada nesta segunda-feira (29), pelas TVs Cabo Branco e Paraíba reforçam a tese de que a eleição para governador está totalmente indefinida e a propaganda eleitoral terá um papel preponderante nos próximos dias.

A rigor, o grande papel da pesquisa IPEC foi referendar o que outros institutos de menor credibilidade já apontavam. O governador João Azevedo (PSB), tem 32%, seguido de Pedro Cunha Lima, do PSDB com (16%), Nilvan Ferreira, do PL com (15%) e o senador Veneziano Vital, do MDB com (14%). 

No bunker governista não se pode negar que houve um alívio. Quem chegou a ter 40% no Datavox em fevereiro tem razão para respirar aliviado, embora os números não mostrem novidades, pois tanto João quanto Pedro, Nilvan e Veneziano permanecem nas mesmas posições, ou seja, todas as oscilações estão dentro da margem de erro, o que é plenamente justificável pois a pesquisa foi realizada entre os dias 26 e 28 de agosto quando ainda  não havia começado o guia eleitoral no rádio e na tv.  

Os números divulgados hoje pelos veículos da Rede Paraíba de Comunicação, reforçam que o governador João Azevedo dificilmente resolverá a parada no primeiro turno e terá duro desafio pela frente. 

Basta observar que lidera a rejeição entre todos os postulantes (28%), o que pode dificultar muito o desejado crescimento. Afinal, um terço do eleitorado se nega a votar nele. 

A rejeição dos demais candidatos é praticamente a mesma, respeitando a margem de erro da pesquisa que aliás foi a mais alta até aqui pois o IPEC só entrevistou 800 pessoas, elevando a margem de erro máxima estimada de 3 (três) pontos percentuais para mais ou para menos sobre os resultados encontrados no total da amostra. 

Parece bobagem mas não é. O Datavox entrevistou 2.000 eleitores e o Real Big Data 1.500. No caso da amostragem, método normalmente usado nas pesquisas eleitorais, os resultados obtidos são então “extrapolados” para o universo de todos eleitores, num processo conhecido como “inferência estatística”.

Nesse processo, dois tipos de erro podem acontecer. Quanto mais se conseguir minimizar tais erros, mais a pesquisa será representativa da realidade.

O segundo é o erro amostral, também conhecido como margem de erro. Se há uma amostra, necessariamente há uma margem de erro atrelada a ela. Em outras palavras, ela é a diferença tolerada entre o valor medido pela pesquisa e o “verdadeiro” valor que se quer medir.

Essa margem é definida quando os estatísticos planejam o tamanho da amostra que vão utilizar no levantamento. Quanto menor a margem de erro que eles desejam, maior deve ser a quantidade de entrevistados para alcançá-la.

Quando se diz que o nível de confiança de um estudo é de 95% (valor mais comum em pesquisas de opinião), isso significa que, de uma forma simplificada, se 100 amostras fossem retiradas simultaneamente de uma mesma população, 95 delas teriam seus resultados dentro do intervalo de confiança.

Portanto, o que é o empate técnico? É quando a diferença entre os candidatos se encontra dentro das margens de erro da pesquisa, ou seja, quando os intervalos de confiança se sobrepõem. 

Esse arrodeio todo é para dizer que não será surpresa se qualquer um desses candidatos aparecem empatados tecnicamente com João Azevedo nas próximas pesquisas. Isso pode ocorrer por uma razão simples: além da margem de erro ser grande, 36% dos eleitores ouvidos declaram que ainda podem mudar de candidato até o dia da eleição sem contar 1% que não responderam ao questionário. 

Mas, e João não pode crescer?

Em política tudo é possível, todavia no atual cenário é mais fácil ser alcançado por um dos adversários do que crescer e evitar o risco de um segundo turno. Neste cenário, ele teria que subir dentro dos votos de Nilvan, Pedro e Veneziano, algo pouco provável de acordo com as avaliações internas. 

E Nilvan, Pedro e Veneziano?

Até onde a vista alcança, todos eles possuem condições matemáticas de embalar e carimbar o passaporte para o segundo turno. Friamente, olhando o eleitorado de esquerda que é majoritário na Paraíba, Veneziano tem um potencial de crescimento por conta de ser o nome de Lula nesta eleição. 

Pedro, apesar da juventude e do olhar atravessado da classe política e de alguns segmentos, pode surpreender pelo caminho adotado de se posicionar como um político diferente. É bom lembrar que a fórmula quase funcionou em João Pessoa com o então candidato Ruy Carneiro no pleito de 2020.

Nilvan é em tese o que reúne menos chances de crescimento por razões óbvias, mas que não pode ser descartado sob nenhuma hipótese, principalmente se a campanha de Bolsonaro ganhar um impulso em nível nacional. 

Uma coisa é certa: os programas eleitorais vão ser os grandes responsáveis pela definição dos votos do eleitor indeciso. Quem se posicionar melhor, levará. 

Podem anotar.