A cidade de Areia, no Brejo paraibano, receberá de 30 de julho a 5 de agosto de 2023 o 1º Festival Sesc Paraíba de Música, que traz em sua programação espetáculos gratuitos com concertos, orquestras, recitais, exposições e cortejos artísticos, além de masterclasses de instrumentos para alunos de música bolsistas selecionados em todo o país, ministradas por professores referência no cenário brasileiro da música clássica e popular.
O evento é realizado em parceria com o Instituto Cultural Paraíba (ICP), responsável pela curadoria artística. O maestro da Orquestra Sinfônica do Recife e professor na Texas Tech University (EUA), Lanfranco Marcelletti Jr. é o diretor artístico do festival.
As apresentações serão realizadas no Teatro Minerva, Praça Central (Pedro Américo), Centro Cultural e o Coreto. Entre as atrações confirmadas estão a Filarmônica Abdon Felinto Milanez, Orquestra do Sesc, Kevin Ndjana, Duo Passionis, Quinteto da Paraíba, Renata Arruda, Fabiano Guimarães, Neto Oliveira, Camerata Parahyba, Parahyba Ska Jazz Foundation e Orquestra Acadêmica do Festival, além de recitais de música de câmara e com os alunos.
As turmas de violino, viola, violoncelo e contrabaixo serão ofertadas para 40 estudantes de música em estágio avançado de instrumento de corda, selecionados através de edital promovido pelo Sesc para participação como bolsistas nos cursos de prática de conjunto e música de câmara do projeto Festival Sesc Paraíba de Música 2023. São estudantes da Paraíba e de fora selecionados por meio de comissões compostas por professores que avaliaram critérios como técnica instrumental, afinação, expressão musical e precisão rítmica. Além da bolsa para o curso, receberão ajuda para custeio de viagem e hospedagem.
“É importante demais pro festival ter essa característica de poder ajudar jovens que tão saindo da Universidade Federal da Paraíba, de Pernambuco, ou de outras universidades brasileiras, vem aluno do sertão da Paraíba, de São Paulo pro festival”, comenta André Souza, coordenador executivo do Instituto Cultural Paraíba, que será um dos professores no festival junto com outros membros da Camerata Parahyba, grupo de orquestra regido pelo instituto.
André explica os motivos que fazem da cidade de Areia escolhida para o evento, inspirado em festivais como o de Campos do Jordão (SP), do qual ele participou durante vários anos como aluno e profissional. “Por se tratar de uma cidade de serra, o clima ameno, isso favorece também a questão dos instrumentos, o calor é bem problemático. E um pouco de isolamento… porque o aluno precisa desse isolamento”.
“Ter a escolha de uma cidade um pouco menor, que tenha essa temperatura amena tem tudo a ver com o festival e isso é exemplo de vários festivais ao redor do mundo. Geralmente é feito em cidades um pouco mais afastadas dos grandes centros pra ter essa condição de foco. O aluno tem que ter muito foco porque a semana é muito puxada”, diz.
O coordenador do Instituto Cultural Paraíba reforça a importância simbólica do Brejo paraibano:
“Areia sem dúvida nenhuma foi o maior berço da história cultural da Paraíba. Se você for ver, o Teatro Minerva, Pedro Américo, tantos outros nomes, é uma cidade que a história cultural do estado tá muito enraizada. O Brejo em si teve esse poder cultural muito forte”
O maestro Lanfranco, escolhido pelos professores como diretor artístico do festival, destaca que o evento é uma oportunidade de intercâmbio, aprendizagem, prática e networking entre profissionais, alunos e o público de moradores da região e do estado.
“Os meninos entram em contato com pessoas que têm uma experiência enorme, não só no instrumento, no tocar, ou de conhecimento, mas de vida. Esse contato não tem preço realmente, e isso ajuda muito na profissão deles, como ajudou na minha. Eu tive uma professora de piano nesse curso de Teresópolis quando eu tinha 16 anos que ela mudou minha perspectiva de como tocar o piano, e como pensar a música. Não é que você possa mudar muito em uma semana, mas você começa a ter conselhos, ideias que possivelmente você nunca tinha tido. Aí quando você vê seu professor você leva e começa a trabalhar essas ideias. É como abrir a mente para possibilidades que a gente não conhecia”, afirma o maestro Lanfranco em entrevista ao F5 Online.
Ele conta que esta é a “primeira vez que eu sou realmente diretor artístico de um festival de verão, de inverno, como a gente chama. Tanto é que o Sesc da Paraíba ficou muito interessado em um festival parecido que acontece no sul do país, estudou o festival, acho fantástico que o Sesc tá promovendo, acreditando nisso”, frisou o maestro, que mora em Lubbock, oeste do Texas.
Além de Lanfranco, o time convidado para ministrar os cursos é formado por André Cardoso, Denise Amorim, Elisa Fukuda, Fábio Presgrave, Flávio Augusto, Gabriel Marin, Gabriela Queiroz, Gustavo D’Ippolito, Paulo França, Raiff Dantas e Rucker Bezerra.
“A gente tem um grupo de professores de primeira linha, mas realmente de primeira linha, e todos muito felizes de fazer parte, todos muito dispostos a ajudar”, diz o maestro e diretor artístico, que vislumbra, para próximas edições do festival na região, a ampliação das masterclasses e treinamentos para mais instrumentos, professores e alunos.
André Souza, coordenador do Instituto Cultural Paraíba, afirma que Lanfranco “é um dos maiores regentes da atualidade brasileira”.
“O pensamento de ter um grande artista, nordestino, pernambucano, mas também trabalhou muito tempo na Paraíba, é muito importante porque se trata de um grande professor, um grande artista que conseguiu espaço internacional, conseguiu espaço também nacional e ele tem toda sensibilidade para ajudar jovens do Nordeste. Ele fez muito isso”.
Entusiasta do poder da oportunidade, filho de pais confeiteiros e padeiros, Lanfranco lembra da infância na cozinha entre discos, quando começou a escutar música clássica por volta dos 5 ou 6 anos, “por uma casualidade que meu pai tinha uns discos que ele nem escutava e eu escutei. Me apaixonei, meu pai se deu conta e começou a comprar uns cassetes, depois comecei a comprar eu mesmo quando tinha oito, nove, dez anos”.
“É uma música com linguagem universal, é isso que eu amo muito da música clássica. É minha companheira de vida. Eu sinto que ela traz paz, ou me deixa mais triste também. Ou ela me faz pensar sobre algo que eu preciso pensar, ela me faz companhia nesse momento. Isso é uma coisa pessoal, não tem que ter esse mesmo efeito com todos, mas a música instrumental tem essa potencialidade, inclusive a clássica, por ser uma música que, por exemplo, um Tchaikovsky que é russo, você ouve no Brasil, no Chile, nos Estados Unidos, na África, na China, na Índia, no Japão. São linguagens baseadas na imaginação, isso que faz ela para mim, pessoalmente, um instrumento com potencial de alterar nossos estados mentais e nos conduzir a sentimentos de elevação, transcendência, calma, alegria, assim como outras músicas também”, reflete o maestro e professor.
30 de julho
31 de julho
01 de agosto
02 de agosto
21h – Palco Principal – Calçadão João Cardoso
03 de agosto
04 de agosto
05 de agosto