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Carros elétricos poderão ser movidos a etanol, diz Sindalcool-PB
27/05/2021 / 17:37
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O veículo convencional, da forma como conhecemos, está com os dias contados, segundo apontam as tendências do setor automotivo. Indústrias pretendem encerrar, até 2040, a produção de caminhões e carros movidos a combustíveis fósseis, como a gasolina e o diesel. A gigante General Motors (GM), inclusive, deve encerrar este tipo de produção até 2035, conforme anúncio da imprensa especializada.

As montadoras estão se preparando para a produção dos “carros do futuro”, estes serão portadores de alta tecnologia e não serão poluentes. Mas, ao contrário do que se possa imaginar de imediato, este futuro próximo não será com tomadas e baterias fabricadas com metais caríssimos, diz o Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado da Paraíba (Sindalcool-PB).

Segundo o Sindalcool-PB, este futuro será movido pelo biocombustível etanol através de uma tecnologia conhecida como “Fuel Cell”, que é uma célula a combustível alimentada por hidrogênio, mas que obtém esse hidrogênio diretamente do etanol.

“O etanol é uma excelente forma de se obter hidrogênio. O fato de já existir distribuição de etanol no Brasil todo é uma vantagem competitiva a nosso favor para o desenvolvimento da mobilidade com a célula de combustível abastecida com etanol, que não emite poluentes”, explica o presidente do Sindalcool-PB, Edmundo Barbosa.

Neste caso, um motorista que possui um veículo movido com a célula de combustível movida com etanol chegaria num posto de abastecimento e encheria o tanque com o biocombustível. Em poucos instantes, continuaria o trajeto, sem perder tempo com recargas de bateria. Dentro do motor, a tecnologia extrairia o hidrogênio do etanol, gerando assim a energia elétrica capaz de movimentá-lo com autonomia. O resultado deste processo é apenas vapor d’água, sem emissão de poluentes.

Indústria automotiva investe na tecnologia à base de etanol

Empresas como Bosch, Nissan e Volkswagen já desenvolveram protótipos dessa tecnologia à base de etanol. O presidente da Volkswagen para a América do Sul, Pablo Di Si, já deu declarações públicas no sentido de que o Brasil poderia utilizar o etanol como uma tecnologia complementar para veículos a combustão, híbridos e elétricos, com potencial para exportação.
A fabricante japonesa Nissan, por exemplo, firmou uma parceria com o Laboratório de Genômica e Bioenergia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares da USP para trabalhar a tecnologia da célula de combustível abastecida com etanol. Em 2016, a empresa desenvolveu um protótipo de uma minivan. Um veículo com essa tecnologia pode ter autonomia de 600 km com 30 litros de etanol.

Foto: Nissan/Divulgação

A Bosch, fabricante de componentes automotivos, também caminha no sentido favorável ao etanol. O presidente da empresa na América Latina, Besaliel Botelho, falou ao site Valor, através de uma live, sobre o protagonismo que o Brasil poderia atingir investindo nessa alternativa movida a etanol.

Sindalcool-PB realizá reunião de aprofundamento com setor automotivo

Diante deste cenário, no dia 2 de junho, o Sindalcool-PB fará uma reunião virtual de aprofundamento entre a indústria do etanol e a indústria automotiva, que terá a participação de convidados representativos de todos os estados produtores de etanol.

“A indústria do etanol reúne hoje a experiência de 40 anos de abastecimento em todo território brasileiro, as exportações de etanol deram bons resultados, vários países têm hoje legislação de uso obrigatório do etanol para reduzir a poluição. Em 2019, o consumo de etanol atingiu 46% da frota nacional, mostrou a pujança do etanol. Por outro lado, a indústria automotiva fabricou nos últimos 20 anos mais de 30 milhões de automóveis flex, para abastecimento com etanol e/ou com gasolina. Hoje essa indústria precisa reduzir as emissões dos veículos e melhorar a eficiência energética. Esses fatores, aliados à experiência positiva do uso do etanol pelos consumidores, têm unido a indústria automotiva e as empresas produtoras de etanol. Aprofundar esse relacionamento e promover sinergia entre essas indústrias trará maior volume de etanol produzido e os consumidores devem ganhar com isto, além da redução da poluição com a tecnologia Fuel Cell e o hidrogênio contido no etanol para acionar motores elétricos. Será um grande salto tecnológico na mobilidade urbana”, finalizou Edmundo Barbosa.