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Análise: porque na pesquisa DataVox João Azevedo perdeu 12 pontos em 5 meses
24/08/2022 / 05:34
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Os especialistas em pesquisas eleitorais sempre alertam que elas são sempre um retrato do momento e dependendo da margem de erro e da série histórica tendem a ter um grau de assertividade muito grande. 

Existem duas formas de coletar informações para entender o comportamento de uma população de forma quantitativa: entrevistar todos os seus indivíduos, o que chamamos de censo, ou selecionar uma parcela deles que represente as características mais importantes do conjunto, a amostragem.

Até aqui, apenas o instituto DataVox possui série histórica, pois publicou pesquisas em novembro do ano passado, fevereiro deste ano e a mais recente nesta terça-feira (23). 

Portanto, é razoável uma leitura mais minuciosa da pesquisa Datavox e não da Real Big Data justamente por conta da sequência de idas ao campo. Isso permite uma comparação dentro dos mesmo critérios de amostragem, margem de erro e municípios coletados. 

O que essa sequência indica para a eleição de governador da Paraíba?

Indica que o governador precisa mudar os rumos de sua campanha pois claramente os esforços de agenda, marketing político e debates não estão funcionando ou não estão chegando no eleitor. 

Ao analisar as três pesquisas e verificar os números de João é fácil obter tais conclusões. Em 25 de novembro, ele tinha 38,4%, em 07 de fevereiro oscilou para 40,7% e agora caiu para 28,6%. Ou seja, perdeu 12,1% nos meses em que mais fez campanha.  

Aliados do governo tentavam ontem buscar evidências para justificar essa despencada na pesquisa Datavox, confirmada na sequência pela Big Data. A principal delas é a falta de uma marca de realização para a gestão. Alegam que ao assumir o governo se deparou com a operação Calvário e depois com a pandemia que lhe tirou o contato com prefeitos, parlamentares e o próprio povo. 

Em João Pessoa, por exemplo, os hotéis do Polo do Cabo Branco, o Parque Tecnológico Horizontes da Inovação no antigo Colégio Nossa Senhora das Neves, no centro histórico, ao lado da Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves e o arco metropolitano, não saíram do papel.

Outro grave problema apontado pelos aliados é a falta de um auxiliar para fazer no governo atual o papel que o próprio João Azevêdo exercia na gestão de Ricardo Coutinho. Com a agenda institucional lotada, falta tempo para o engenheiro João fazer o governo andar. 

Um exemplo disso são as obras de 100 creches anunciadas no dia 09 de novembro do ano passado que injetariam R$ 150 milhões em diversos municípios. Segundo informações de gente de dentro do governo, apenas 3% do orçamento foi executado até agora.

A dificuldade de se posicionar em questões políticas também estaria influenciando no resultado das pesquisas. 65% do eleitorado paraibano se diz de esquerda e a ampla maioria enxerga o senador Veneziano Vital (MDB), mais progressista do que o próprio Azevedo. Talvez por isso, lideranças petistas como Jackson Macêdo insistem tanto no discurso de que João flertou com o bolsonarismo o tempo todo. 

As acomodações no palanque governista também tem tirado o gás de aliados que já flertam nos bastidores com as candidaturas de Veneziano e Pedro para entendimentos num eventual segundo turno. A debandada de deputados, prefeitos e vereadores para as candidaturas de Efraim Morais (UB) e Bruno Roberto (PL) tem incomodado a deputada Pollyanna Dutra e seus aliados. Em João Pessoa, por exemplo, a maioria dos vereadores não está com ela. 

Os governistas assistem sem nada fazer as dobradinhas de seus correligionários com adversários dentro do próprio quintal. Até o fundo partidário, nas mãos do presidente do PSB, Gervásio Maia tem sido um problemão para o governador administrar. Candidatos do PSB dizem abertamente que Gervásio tem boicotado repasses para logística, eventos e despesas com marketing. 

A eleição está perdida? 

A oposição somada aparece com 15,3% à frente do governador, mas essa não é a primeira vez que um ocupante do Palácio da Redenção parte em desvantagem. Em 2014, o então governador Ricardo Coutinho começou com 33% (Ibope de 01 de setembro), contra o então senador Cássio Cunha Lima que tinha 47% das intenções e o resultado todos sabemos.

Alguém pode lembrar que diferente de João, Ricardo tinha obras para mostrar.  Mas não convém subestimar governos, afinal reeleição foi feita para manter quem está no poder. 

Diferentemente de 2014 quando Ricardo reinava em João Pessoa, o governador tem uma enorme dificuldade de reverter votos na capital por conta da boa performance de Nilvan Ferreira que anda muito bem avaliado em toda a região metropolitana.

Por falar em Nilvan, ele impôs um dilema enorme aos estrategistas do PSB. Se por um lado, o governo reza para levar o candidato de Bolsonaro ao segundo turno, por outro, é justamente por causa dele que João não tem revertido votos na grande João Pessoa. Ou seja, se errar a dose, Veneziano ou Pedro chegam facilmente ao segundo turno e ai a coisa complica.

A rigor, será preciso aguardar para saber se Lula pode puxar Veneziano para as primeiras posições, como mostrou um dos cenários da Real Big Data, se o pacote de bondades de Bolsonaro pode impulsionar Nilvan Ferreira ou o estilo questionador de Pedro pode fazer dele o Ruy Carneiro de 2020 agora em 2022. 

Um detalhe não menos importante: fora João Azevêdo que caiu fora da margem, as outras três candidaturas não saíram da margem de erro. Isso significa dizer que o conteúdo gerado nas redes sociais ou não furou a bolha ou não encantou ninguém.

Caberá ao rádio e a televisão quebrar a monotonia dos gráficos das pesquisas até aqui com o início dos programas eleitorais e inserções previstos para começar nesta sexta-feira (26).

E por falar em rádio e tv, o segundo turno será o mais longo das últimas eleições: em 2014 e 2018 foram 21 dias e agora em 2022 serão 28. Quem acertar o discurso levará uma enorme vantagem. 

O conteúdo pode decidir essa eleição.