O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça, ministro Luís Roberto Barroso, está em João Pessoa, onde cumpre agenda nesta sexta-feira (14/6). Pela manhã, ele ministrou uma palestra para cerca de 500 estudantes do ensino médio da rede estadual da Paraíba. O evento aconteceu no Centro de Formação de Educadores, no bairro de Mangabeira.
Com o tema “Como fazer a diferença para si próprio, para o Brasil e para o mundo”, Barroso contou aos estudantes sobre sua trajetória pessoal e profissional, até se tornar ministro da mais alta corte do país.
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Durante entrevista a jornalistas, Barroso comentou sobre assuntos tidos como polêmicos e que estão rendendo no Congresso Nacional, como o aborto. Ele também falou sobre a relação com o Congresso e eventuais discordâncias com o Legislativo em determinados temas, explicando que podem existir “posições distintas“.
“Só há unanimidade, um consenso, nas ditaduras. Nas democracias as pessoas pensam diferente mesmo, e debatem, procuram chegar a um acordo. Mas o que é essencial de se resgatar no Brasil, e eu tenho me empenhado, é civilidade, é a capacidade de você pensar diferente e mesmo assim ser capaz de tratar o outro com respeito e consideração. Portanto, é possível que o Senado tenha visões sobre alguns temas, diferentes das que eu tenho ou que o Supremo tem. É possível que a Câmara tenha, e nem por isso eu deixo de respeitar ou mesmo de querer bem o presidente de uma Casa e de outra. Portanto a divergência parte da vida democrática, não há nada de extraordinário nisso, não há tensão, não há crise institucional, o que existe é uma democracia plural“, disse Barroso.
Com relação ao “PL do aborto“, que tramita na Câmara Federal, Barroso disse que “a matéria está no Congresso, que é o lugar certo para se debater os grandes temas nacionais. Se e quando a matéria chegar no Supremo, eu vou opinar sobre algo“, declarou o ministro ao responder uma pergunta do repórter Oscar Neto, da Rádio Correio 98.3.
Luís Roberto foi questionado ainda sobre a inteligência artificial, assunto em alta com a proximidade das eleições municipais: “O Brasil tem uma litigiosidade imensa, tem uma grande quantidade de processos, e a inteligência artificial pode ser muito positiva na administração desses processos, e mesmo na tomada de decisões, sempre sob supervisão judicial. Eu não sou uma dessas pessoas que têm medo do progresso. Apenas nós temos que ter certeza de que ele permaneça numa trilha ética e que sirva bem à causa da humanidade“, avaliou.
Pela tarde, Barroso se reúne com juízes do Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) para dialogar com a magistratura “sobre os mecanismos para fazer com que o Judiciário seja mais eficiente. A Justiça não é propriamente um poder, ou só um poder, a Justiça é um serviço que se presta à sociedade, de modo que a minha obsessão é melhorar a qualidade da Justiça e trabalhar para recrutar os melhores profissionais para serem juízes, e enfrentar as distorções que muitas vezes existem na cúpula, e dar as motivações adequadas para os juízes que estão no meio de carreira. Os juízes são recrutados no mesmo ambiente em que são recrutados os advogados, os defensores, os membros do Ministério Público. Portanto, eles tem que ser competitivos porque ninguém quer recrutar mal os juízes“, afirmou Barroso