A prática de voluntariado no Brasil tem suas raízes em 1543, com a fundação da Santa Casa de Misericórdia de Santos. Desde então, muita coisa mudou. As organizações se multiplicaram, a atividade foi regulamentada, empresas passaram a promover programas de voluntariado e a tecnologia permitiu a atuação dos voluntários a distância.
A Organização das Nações Unidas (ONU) descreve como voluntário o jovem, adulto ou idoso que, por interesse pessoal e espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração, a diversas formas de atividades de bem estar social ou outros campos.
Conforme a lei nº 9.608, de 18 de fevereiro de 1998, que regularizou o serviço voluntário no Brasil, “considera-se serviço voluntário, para os fins de lei, a atividade não remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à pessoa.”
De acordo com a última Pesquisa Voluntariado no Brasil, realizada pelo IDIS (Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social) e Instituto Datafolha, em duas décadas, o número de pessoas que declaram ter feito alguma atividade voluntária ao longo da vida passou de 18% em 2001 para 56% em 2021.
Tanto a quantidade de pessoas envolvidas com o voluntariado aumentou, quanto as horas dedicadas à atividade. Se a quantidade média de dedicação por pessoa era de 5 horas mensais em 2011, a pesquisa de 2021 aponta média de 18 horas mensais. Assim, cada voluntário brasileiro contribuiu, em média, por mês, o equivalente a 12 partidas de futebol inteiras.
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Em João Pessoa, na Paraíba, um grupo de jovens vem há anos usando a engenharia como ferramenta de transformação social e desenvolvendo projetos nos eixos de educação, sustentabilidade, infraestrutura e assistência básica, gestão e empreendedorismo.
A ONG Engenheiros sem Fronteiras – Núcleo João Pessoa faz parte de uma rede internacional chamada Engineers Without Borders International, espalhada pelo Brasil com mais de 40 núcleos em todas as regiões do país. Na capital paraibana, atua desde 2017, com membros voluntários engenheiros e também de outras áreas como direito, arquitetura, marketing, comunicação, letras, dentre outras formações.
Ysa Luna, diretora geral da ONG, explica que o propósito da ESF JP é promover o desenvolvimento humano e sustentável por meio da difusão de soluções acessíveis e de grande impacto, contribuindo para a formação de profissionais e cidadãos conscientes de seu papel como catalisadores da mudança.
“Para a ONG, o que mais importa é impactarmos pessoas acerca da sustentabilidade, chamar atenção e sensibilizá-las. Assim formamos um caminho que leva à prática de ações em vários níveis de complexidade, desde descartar os resíduos de forma correta em casa, até construções usando técnicas sustentáveis. A ESF JP é composta por estudantes e profissionais das mais diversas formações, que se unem nesse propósito de apresentar uma face sustentabilidade do dia a dia e próxima, que faz toda a diferença na nossa casa, na nossa cidade, no nosso país… no nosso planeta! Nosso lema é ‘Pense Global, Atue Local!’ e todos os membros compartilham dessa ideia”, afirma Ysa ao F5 Online.
A visão da ESF JP é “ser referência em engenharia e sustentabilidade na Paraíba”. Ao longo desses anos de articulação, segundo o grupo, foram realizados mais de 24 projetos, com impacto positivo na vida de mais de 4 mil pessoas no município.
Atualmente, a Engenheiros trabalha em quatro projetos e outros três devem ser iniciados ainda no segundo semestre. Conheça mais sobre cada um deles:
Plantio Urbano: efetua o plantio de árvores nas praças de João Pessoa, e em consonância com a SEMAM, busca arborizar a cidade e integrar a população nessa atividade, tornando-a mais próxima dos cuidados com o ambiente em que vive.
Ecoeletro: baseia-se na sensibilização e educação ambiental sobre a problemática dos resíduos eletroeletrônicos, com foco no descarte específico, que é diferente do descarte do lixo comum, por ser um tipo de resíduo considerado perigoso.
“E o projeto aparece pra sanar além da lacuna de conhecimento acerca da temática, também por disponibilizar coletores de resíduos eletroeletrônicos (de forma itinerante) em condomínios verticais interessados e em escolas. Os resíduos coletados são encaminhados para cooperativa de agentes da reciclagem para que sejam feitos procedimentos e descarte adequados“, destaca Ysa Luna.
Hortas Sem Fronteiras: atua na construção e apoio pedagógico às escolas que desejam ter uma horta em suas dependências. O apoio que a ONG oferece é o know-how de execução dos canteiros com educação ambiental envolvida, ficando os custos de implantação à cargo da escola.
“Com isso temos a intenção de levar além das questões ambientais diretas, conseguir correlacionar a matemática, a ciência e a biologia com a atividade da horta, sendo uma proposta de transversalidade do conhecimento“, detalha a diretora geral.
Econsciência: projeto focado em educação ambiental e na sensibilização para assuntos de sustentabilidade, voltado para todas as idades, no qual são oferecidas palestras, oficinas e minicursos para comunidades interessadas (escolas, outros projetos sociais, empresas, etc) que desejam se aprofundar mais na temática.
Podcast sobre sustentabilidade: propõe disseminação de conhecimento sobre sustentabilidade, convidando estudantes, profissionais da área e praticantes de alternativas a compartilhar experiências e saber. (a ser iniciado no segundo semestre).
Orla Limpa: Propõe mutirões de limpeza nas praias de João Pessoa, convidando toda a população a participar para disseminação da consciência ambiental e do dever cidadão de cuidado com o ambiente. (a ser iniciado no segundo semestre). Também será feita a segregação dos resíduos coletados em classes de materiais, e se alimentará um aplicativo anteriormente desenvolvido pela ONG, o aplicativo Gaivotas.