Uma pesquisa do Núcleo de Estudos em Farmacoterapia (NEF) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), divulgada nesta sexta-feira (26), relaciona a escabiose (sarna humana) ao uso indiscriminado de ivermectina, medicação usada contra a a Covid-19, sem a comprovação científica. Segundo os pesquisadores, esse estudo pode ajudar na investigação do surto registrado em Pernambuco.
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A reportagem do Portal F5 Online procurou o médico infectologista Fernando Martins Chagas, para saber como essa relação acontece. Segundo ele, a escabiose é uma infecção causada por um ácaro que gera coceira, inflamação e a ivermectina é uma das melhores drogas para combater esse ácaro.
Acontece que, durante a pandemia, as pessoas abusaram muito do uso do medicamento, disse o médico, e a ivermectina acabou perdendo o “efeito na função de matar” esse ácaro o tornando resistente ao medicamento.
“O mesmo que acontece com as bactérias, nós estamos enfrentando bactérias multirresistentes aos antibióticos que a gente usou durante a pandemia, o pessoal abusou muito da prescrição dos antibióticos”, completou Chagas.
Ainda segundo o infectologista, a escabiose passa de pessoa para pessoa e é uma doença altamente transmissível.
“Por exemplo, se eu utilizei a ivermectina e selecionei o microrganismo resistente, eu posso transmitir para uma pessoa que nunca usou ivermectina e essa pessoa vai ficar com o mesmo ácaro resistente de quem tomou a medicação”.
O Doutor Chagas alerta que é importante procurar um médico em caso de surgimento de coceiras de pele e lesões persistentes, mas enquanto não procurar um profissional é necessário ter cuidado para não compartilhar objetos como toalhas, lavar as roupas com água quente e trocar os lençóis de cama todos os dias. “São medidas que diminuem os riscos de transmissão”, concluiu.