Em alusão aos 71 anos da Fundação Napoleão Laureano (FNL), presidência e conselheiros da instituição se reuniram em um café da manhã para relembrar a data 17 de março de 1951, que foi primordial para o nascimento da maior unidade filantrópica da Paraíba na área de oncologia, o Hospital Napoleão Laureano. O evento ocorreu na manhã desta quinta-feira, na sede da FNL, a fim de reafirmar o compromisso da entidade em continuar contribuindo com a saúde das pessoas acometidas pelo câncer.
Para o presidente da fundação, Marcelo Lucena, essa é uma data que foi primordial para que o hospital se tornasse referência no tratamento contra o câncer da Paraíba. “A gente precisa manter essa tradição de comemorar o dia 17, simbolicamente. Porque é uma luta muito grande e a fundação e seu idealizador, Dr. Napoleão Laureano merece esse reconhecimento. Hoje, também é um dia de gratidão aos nossos conselheiros por todo empenho e dedicação”.
O diretor geral do hospital, Thiago Lins de Almeida fez questão de enfatizar a importância da fundação. “Hoje é uma data muito especial, pois é essa fundação que faz existir o hospital. Com suas conquistas, com seu crescimento institucional e ser exemplo de humanização no cuidado do paciente oncológico”, destacou o médico oncologista.
Antônio Carneiro Arnaud, diretor financeiro da FNL – um dos conselheiros que está atuando no hospital desde sua inauguração, há 60 anos – reforça que a unidade é um marco na história da luta contra o câncer na Paraíba.
“Tudo isso só foi possível graças à coragem do saudoso Dr. Napoleão Laureano. Para nós, que fazemos a luta contra o câncer, é uma grande satisfação poder fazer cada vez mais pelas pessoas mais necessitadas”, comentou.
O evento em alusão aos 71 anos da Fundação Napoleão Laureano contou ainda com a presença do vice-presidente da entidade, Geraldo Barral; do vice-diretor do HNL, Marcílio Cartaxo; dos conselheiros da FNL, Evaldo Nóbrega e José Pereira da Costa, além do diretor administrativo, Afro Rocha, e de Maria Teresa Arnaud. O prefeito de Lucena, Léo Bandeira, também esteve visitando o hospital e participou da celebração.
No dia 17 de março de 1951, na sede do jornal “Diário Carioca”, no Rio de Janeiro, realizou-se uma Mesa Redonda solicitada por Napoleão Rodrigues Laureano, que se esforçava para expressar o desejo de que fosse feita uma grande campanha, em âmbito nacional, de luta contra o câncer no Brasil.
Naquela ocasião, estavam presentes os jornalistas Danton Jobim e Pompeu de Souza, Simões Filho, ministro da Educação e da Saúde, o senador Ruy Carneiro, os médicos Mário Kroeff, diretor do Serviço Nacional de Câncer, Alberto Coutinho, Jorge de Marsillac, Osolando Machado, Antônio Pinto Vieira, Adayr Eiras de Araújo, Sérgio de Azevedo, Turíbio Braz e Fernando Gentil, entre outros.
Na mesa redonda realizada no Jornal Diário Carioca, Napoleão Laureano assim se expressou: ”Ilustres senhores, ninguém poderá duvidar das minhas intenções, pois condenado como estou pela medicina, nada pretendo para mim. Profissionalmente me faltarão as forças necessárias para qualquer iniciativa. Assim, não peço para mim, mas para meus patrícios, para milhares de brasileiros que, pelo interior, são vítimas do mesmo mal que me acometeu. Sinto forças morais para pedir, porque conheço a sensação de ser presa dessa moléstia terrível, pedir ao povo e ao Governo que me auxiliem a morrer tranquilo, com o conforto de haver feito algo, ao menos pela Paraíba, neste setor que abracei como especialidade, a luta contra o câncer. Quero, portanto, ver fundado pelo menos um centro de combate ao câncer, em João Pessoa, na Paraíba, ainda antes de morrer, se a sorte me permitir”.
Mário Kroeff, entre outras considerações disse o seguinte: “Acho edificante ter um homem os dias contados e estar ainda pensando no próximo. Qualquer outro indivíduo, em melhores condições, já se encontraria no fundo de uma cama, ditando suas últimas disposições, entregue à fatalidade. O comum na vida é haver uma reação natural de revolta nas criaturas, em face da dor e do infortúnio. Este homem, já com suas forças físicas alquebradas, ainda sente forças morais capazes de levantarem sua própria matéria para conduzir uma campanha como esta, que serve de exemplo vivo a todos, exemplo tétrico que ora é focalizado, e para o qual devemos chamar a atenção do público, do governo e dos afortunados”.
Em pouco tempo as emissoras de rádio anunciavam que a população carioca estava se manifestando inteiramente solidária com a bandeira de luta de Napoleão Laureano e por isto a arrecadação de donativos já atingia elevado valor financeiro. Por esta razão, Sérgio de Azevedo sugeriu a criação de uma fundação para gerir os recursos que estavam sendo doados, quando Mário Kroeff propôs a denominação de Fundação Napoleão Laureano.
A primeira diretoria ficou assim constituída: diretor presidente- jornalista Pompeu de Souza, vice-presidente – Amadeu Fialho; diretor tesoureiro – Ruy Carneiro; diretor executivo- Mário Kroeff; diretor secretário – Jorge Sampaio Marsillac. Na presidência de honra foi confirmado o nome da sra. Darcy Vargas e na vice-presidência de honra o nome do jornalista Assis Chateaubriand.
No dia 31 de maio de 1951, às 20h30, faleceu no Rio de Janeiro, no Hospital Gafrée e Guinle, o médico Napoleão Laureano.
Com o correr do tempo, alguns membros da primeira diretoria renunciaram, a exemplo do professor Amadeu Fialho e do jornalista Pompeu de Souza. No entanto, Mário Kroeff, Jorge de Marsillac e Ruy Carneiro permaneceram no comando da Fundação Laureano até a concretização do ideal de Napoleão Laureano – a inauguração do Hospital de Câncer, em João Pessoa.
Com a renúncia do jornalista Pompeu de Souza, o deputado federal Janduhy Carneiro foi eleito diretor presidente da Fundação Laureano e, dedicando-se incansavelmente, deu uma contribuição das mais valiosas para que o Hospital de Câncer pudesse ser inaugurado. Foi ele o autor do Projeto de Lei que abriu um crédito de 100 milhões de cruzeiros (moeda da época), quantia esta que foi distribuída pelo Serviço Nacional de Câncer com as diversas entidades de combate ao câncer do país.
Aqui já podemos mostrar os bons resultados da luta encetada pelo médico Napoleão Laureano. Foi graças ao seu desprendimento, a sua dedicação e amor ao próximo, que se criou uma nova consciência de apoio à luta contra o câncer no Brasil.
O eminente presidente Getúlio Vargas sancionou o Projeto de Lei de iniciativa do deputado Janduhy Carneiro e o Serviço Nacional de Câncer passou a dispor de recursos financeiros, possibilitando, assim, a conclusão do Instituto Nacional do Câncer, na Praça da Cruz Vermelha, no Rio de Janeiro, bem como numerário suficiente para ajudar não somente ao Hospital Napoleão Laureano, mas a diversas outras entidades de combate ao câncer existentes no território brasileiro.
A luta contra o câncer vai além do compromisso profissional. Muitos dedicam a essa missão uma vida inteira. É o exemplo do dr. Antônio Carneiro Arnaud que, tendo sido o primeiro diretor do Hospital, hoje preside a Fundação Laureano com o mesmo devotamento.