O Cine Banguê, cinema do Espaço Cultural José Lins do Rego, em João Pessoa, apresenta nesta terça-feira 25.07, às 15h, sessão especial do filme “O Mestre da Fumaça”, seguida de debate com fundadores e coordenadores de três associações de cannabis da Paraíba: Cassiano Gomes, diretor executivo da Abrace Esperança, Sheila Geriz, coordenadora da Liga Canábica e Cauê Pinheiro, coordenador da ACAFLOR – Associação Canábica Florescer, a terceira registrada no estado, fundada em setembro de 2022, que atende hoje mais de 100 famílias.
A temática da conversa, em diálogo com a narrativa do filme será “Efeitos da Cannabis: Corpo, Mente e Sociedade”, em que serão discutidos, além da própria experiência pioneira da Paraíba, o processo de regulamentação e legalização da maconha no Brasil, potenciais e benefícios medicinais da planta e os diferentes usos, do recreativo ao medicinal.
O Cine Debate sobre o longa canábico de ação, luta e comédia tem percorrido capitais e é organizado pela distribuidora de conteúdo audiovisual Lança Filmes. O ator brasileiro Daniel Rocha e o ator chinês Tony Lee protagonizam o filme, produzido pelos diretores Andre Sigwalt e Augusto Soares.
O longa teve sua estreia no 18º Fantaspoa, um dos maiores festivais de cinema fantástico da América Latina. Também foi selecionado para diversos festivais nacionais e internacionais, como a 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, onde ganhou o prêmio do público de melhor filme de ficção brasileiro. Participou do Rising Sun International Film Festival, no Japão e The Amazing Stoner Film Fest, na Tailândia, festival dedicado a filmes canábicos onde venceu o prêmio Golden Ganja Awards de melhor filme.
O psicólogo, residente em saúde mental e coordenador da ACAFLOR, Cauê Pinheiro afirma que o evento é uma oportunidade para discutir como a maconha tem sido vista pela sociedade e todas as questões políticas, sociais e de saúde que atravessam o tema.
“Uma das responsabilidades e missão da Acaflor é desmistificar os preconceitos e as inverdades sobre a cannabis, nas suas mais diversas formas de uso, além de questionar a política proibicionista e como ela afeta a população em geral, uma vez que a questão do uso de drogas é uma questão de saúde pública, e não de repressão policial. Nós estamos trazendo o debate da redução de danos, do uso social, e do uso medicinal, mas principalmente da questão política e como a educação e a cultura têm um papel fundamental na quebra de preconceitos e na mudança social e política em torno da temática”, explica Cauê Pinheiro.
Sheila Geriz é mestre em Direito, paciente e mãe de paciente usuário da terapêutica canábica. Há quase 10 anos, a articulação encabeçada por ela e o psicólogo Júlio Américo, com a criação da Liga Canábica, a primeira associação de pacientes registrada, seria a gênese do movimento pelo direito à saúde através do uso terapêutico/medicinal da cannabis na Paraíba.
“No filme se toca tanto na questão da legalização como nos efeitos da maconha no nosso corpo, e eu acho uma oportunidade que não se deve deixar passar, trazer para o mundo da arte, do cinema. O ideal seria que a gente tivesse em todos os espaços de arte esse tipo de discussão sendo suscitada, porque a gente vive num país que mata e encarcera populações específicas, geralmente pretos, pobres e periféricos por causa da guerra às drogas e a gente precisa começar a se posicionar nesse sentido. Nós que fazemos uso terapêutico da maconha precisamos levantar nossa voz, colocar nossa cara nesse debate, trazer nossa contribuição e a abertura desses espaços muito me alegra. Há quase 10 anos, quando a gente começou essa luta, a gente não tinha espaços como esse pra dialogar, pra discutir acerca da legalização e nem dos efeitos da maconha, e hoje espaços que começam a se abrir são muito importantes pra nós”, diz Sheila Geriz.