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Manobra para livrar Lula da cadeia e a eleição do cinismo
21/12/2021 / 11:18
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A jornalista Malu Gaspar, autora do livro A Organização: A Odebrecht e o Esquema de Corrupção que Chocou o Mundo (Companhia das Letras, 2020) publicou esses dias em sua coluna no jornal o Globo, que depois da manobra para salvar Lula da cadeia, o Judiciário vem sendo tomado por uma onda de decretações de nulidade de processos variados, desde as rachadinhas no gabinete de Flávio Bolsonaro (PL-RJ) aos processos que condenaram por corrupção Eduardo Cunha (MDB-RJ) e Sérgio Cabral (sem partido).

Malu Gaspar tem larga experiência na cobertura política com passagens na Veja, Exame e Piauí e aborda com maestria o cinismo que marcará as eleições do ano que vem.

Para ela, de repente, magistrados se deram conta de que as punições a crimes como desvios de recursos, cobrança de propina ou enriquecimento ilícito foram todas aplicadas nas instâncias erradas, pelos juízes errados — mesmo tendo tramitado por anos sem que ninguém tivesse se dado conta de nada.

Felizes com a virada nos ventos, os mesmos que comemoram a prescrição dos processos de Lula e a possível aliança com Geraldo Alckmin se referem a Aécio Neves (PSDB-MG) e José Serra (PSDB-SP) como alvos de denúncia grave de corrupção, convenientemente esquecendo que são todos alvos da mesma investigação.

E por que haveriam de lembrar, se até o juiz que comandou a Lava-Jato agora se propõe a disputar a Presidência da República, procurando aliados justamente em partidos que abrigam investigados tanto pela sua própria operação como por outras?

A campanha do proximo ano não será marcada como a eleição da inflação e da fome como preconizam o marqueteiros. Até agora, está claro que em 2022 teremos a eleição do cinismo.

Aliás, José Padilha e Elena Soárez fizeram uma cena extraordinária na série o Mecanismo inspirada na Lava Jato e exibida pela Netflix em 2018. Reveja e tire suas próprias conclusões.