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Milei mexe em todos os vespeiros; mas poderá governar por decreto?
26/12/2023 / 11:26
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Tudo ou nada, parece ser o recado do pacotaço de 366 medidas de emergência que, na definição de Eduardo van der Kooy, do Clarín, propõe “uma mudança do sistema econômico que é também uma mudança cultural”.

É possível dizer muita coisa sobre Milei, e provavelmente tudo já foi dito diante de seus hábitos excêntricos e extravagantes ideias ultraliberais. Falta saber apenas se ele acredita que pode realmente promover mudanças dessa magnitude por decreto ou apenas lançou o superpacote como uma espécie de manifesto, uma declaração de intenções a ser submetida ao teste de realidade.

“É a tentativa de mudança mais profunda do sistema econômico que o país conheceu em mais de cinquenta anos”, resumiu Van der Kooy. O ambicioso, quase visionário – insano, dizem os inimigos – arco abrange todos os vespeiros imagináveis, de clubes de futebol aos sindicatos profundamente aninhados no tecido social argentino, de farmácias à flexibilização das leis trabalhistas, de contratos de aluguel a simplesmente a própria natureza dos contratos, vistos sob o foco libertário.

A resistência vem não apenas do peronismo, em seus múltiplos braços, como dos partidos até ontem oposicionistas e dos quais Milei depende para fazer as coisas funcionar no Congresso, onde seu A Liberdade Avança tem apenas 37 deputados. As perspectivas não são animadoras: a frente Juntos Pela Mudança rachou depois que o ex-presidente Mauricio Macri anunciou apoio a Milei e muitos de seus remanescentes não aceitam mudanças tão extremas como as que constam do portentoso Decreto de Necessidade e Urgência (DNU), feitas sem o apoio do Congresso, como estabelece o sistema de equilíbrio entre poderes.