O Ministério Público da Paraíba propôs uma ação civil pública de responsabilização por atos de corrupção contra 16 clubes de futebol paraibano, com base na Lei Anticorrupção Empresarial. O orgão requer reparação por danos ao erário perpetrados pelos promovidos durante a execução do “Programa Gol de Placa”, desenvolvido pelo Governo do Estado.
A investigação feita por diversos órgãos de controle apontou que houve fraude na troca de ingressos por notas fiscais para o recebimento de valores mais altos das empresas patrocinadoras do programa. Os atos de corrupção analisados ocorreram entre janeiro de 2015 e dezembro de 2018, causando um prejuízo de R$ 12,8 milhões.
O processo foi protocolado na semana passada (18/11), na 5ª Vara da Fazenda Pública de João Pessoa, pelo 38º promotor de Justiça de João Pessoa, que atua na defesa do patrimônio público, Francisco Seráphico Ferraz da Nóbrega Filho.
De acordo com a ação, entre as ilicitudes cometidas estão: o não preenchimento do número do cupom fiscal; 7.512 trocas por cidadãos com idade superior a 85 anos (uma pessoa com 102 anos de idade teria realizado 126 trocas); trocas de 10.381 ingressos por pessoas falecidas até o ano de 2014; 614.204 ingressos trocados por pessoas com domicílio fiscal diverso da Paraíba; 54 trocas com documentos fiscais emitidos há mais de 90 dias, contrariando a norma; 15.288 documentos fiscais com numeração inválida ou inexistente.
Números de destaque
De acordo com o relatório final da Comissão de Procedimento de Investigação Preliminar (CPIP), os clubes paraibanos beneficiados receberam no período analisado, por meio do repasse da empresa Energisa Paraíba, única contribuinte patrocinadora, R$ 14.548.090,00, por meio da troca de 1.195.642 ingressos, utilizando o cadastramento no sistema Gol de Placa de 1.251.924 documentos fiscais.
Reparação ao erário
Na ação, o MPPB requereu a concessão da medida cautelar da indisponibilidade dos bens dos demandados, no valor equivalente a R$ 15.857.484,93, correspondente à soma do montante do dano material ao erário estadual, devidamente atualizado, já incluído o valor de indenização pelos danos morais coletivos, no valor de R$ 3 milhões.
Prejuízos por clube:
CLUBES |
PREJUÍZO | VALOR CORRIGIDO |
ATLÉTICO | R$ 763.390,00 | R$ 959.047,47 |
AUTO ESPORTE | R$ 596.800,00 | R$ 749.760,32 |
BOTAFOGO | R$ 3.169.720,00 | R$ 3.982.121,77 |
CAMPINENSE | R$ 1.683.830,00 | R$ 2.115.396,98 |
CSP | R$ 784.330,00 | R$ 985.354,41 |
DESPORTIVA GUARABIRA | R$ 221.220,00 | R$ 277.918,86 |
ESPORTE DE PATOS | R$ 138.180,00 | R$ 173.595,64 |
INTERNACIONAL | R$ 207.200,00 | R$ 260.305,53 |
LUCENA | R$ 163.210,00 | R$ 205.040,85 |
MIRAMAR | R$ 14.290,00 | R$ 17.952,54 |
NACIONAL DE PATOS | R$ 221.400,00 | R$ 278.145,00 |
PARAÍBA | R$ 396.460,00 | R$ 497.997,64 |
SANTA CRUZ | R$ 209.360,00 | R$ 263.019,14 |
SERRANO | R$ 420.440,00 | R$ 528.199,11 |
SOUSA | R$ 648.200,00 | R$ 814.334,18 |
TREZE | R$ 596.430,00 | R$ 749.295,49 |
TOTAL | R$ 10.235.090,00 | R$ 12.857.484,93 |