De acordo com o secretário de Saúde da Paraíba, Geraldo Medeiros, os municípios que tiverem aplicado vacinas vencidas em sua população deverão executar uma reaplicação 28 dias após a data de vacinação. Segundo Medeiros, com o fim do prazo de validade, os imunizantes contra covid-19 perdem a eficácia.

Nesta sexta-feira (2), uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo mostrou que cerca de 26 mil doses de AstraZeneca vencidas foram aplicadas em 1.532 municípios brasileiros. Na Paraíba, 253 pessoas teriam recebido as doses irregulares. O levantamento é baseado em dados oficiais do Ministério da Saúde, obtidos a partir de trabalho dos pesquisadores Sabine Righetti, da Unicamp, e Estêvão Gamba, da Unifesp.

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) afirma que está apurando a suspeita junto às administrações municipais. Até o momento, 19 cidades negaram a aplicação de doses fora do prazo. São elas: João Pessoa, Campina Grande, Cabedelo, Sertãozinho, Itabaiana, São José de Piranhas, Cajazeiras, Mamanguape, Itapororoca, Baraúna, Queimadas, Esperança, Boa Vista, Taperoá, Remígio, Itaporanga, Nova Floresta, São José dos Cordeiros e Sapé.

Segundo as prefeituras, o que ocorreu foi um erro durante o registro de dados no sistema do Ministério da Saúde.

O município de Alagoa Grande é o único, até agora, a admitir ter usado doses com prazo ultrapassado. De acordo com o secretário de Saúde da cidade, André Fernandes, a situação ocorreu entre março e abril de 2021, quando 72 doses vencidas de AstraZeneca foram usadas para imunizar a população local.

Assim que percebeu o erro, diz a gestão, o município entrou em contato com a SES para relatar o problema e solicitar reforço na imunização. Uma terceira dose está sendo aplicada nas pessoas atingidas.

”Foi nos dado a informação, na semana passada, de que deveríamos refazer uma terceira dose. Nós começamos segunda-feira a refazer essas 72 doses e acreditamos que até o final da próxima semana, todas as 72 pessoas estarão vacinadas”, disse o secretário da Saúde de Alagoa Grande, André Fernandes.

Conass e Conasems

Em nota, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) afirmaram que os casos serão investigados e que não está descartada a possibilidade de erro no sistema que registra as datas de aplicação dos imunizantes.

Segundo os órgãos, a plataforma do Ministério da Saúde apresenta instabilidades desde o início da campanha de vacinação.

De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), todas as doses recebidas do ministério são entregues em até 24h aos municípios, “que são integralmente responsáveis pelo armazenamento, aplicação e informação aos sistemas de notificação do Ministério da Saúde”, diz o comunicado, acrescentando que orientações técnicas às equipes de vacinação ocorrem frequentemente.