A parábola do Bode na Sala já é bastante conhecida. Conta a história de um homem que, cansado do ambiente de reclamações em casa, amarra no centro da sala um bode, por sugestão de um amigo sábio.
Além da bagunça que causou, o bode tinha um mau cheiro de matar. Uma semana depois, todos odiavam o bode. O homem voltou ao amigo sábio, que lhe aconselhou a tirá-lo e limpar a sala. A ausência do bode e a limpeza do local devolveram a harmonia à família.
Embora seja contada como piada, a estratégia foi testada na última eleição para governador pelo deputado federal Damião Feliciano (PDT). Ele apresentou como o bode, a candidatura da Dra Lígia Feliciano ao governo e esperou pacientemente o então governador Ricardo Coutinho engolir o orgulho e ceder a vaga de vice e, de quebra, pavimentou sua reeleição para a Câmara dos Deputados.
Com o fim das coligações o PDT, no cenário atual, não consegue formar uma chapa de deputado federal, o que cria problemas para a reeleição do deputado Damião Feliciano. No PT, até onde a vista alcança, não há dificuldade para composição de uma chapa pois tem nomes como Frei Anastácio, Luiz Couto e Estela Bezerra que se filiou recentemente.
Como não se cogita possibilidade de federação entre PT e PDT é possível que Damião esteja repetindo a jogada de 2018 para forçar o governador João Azevedo a procurá-lo. A outra tese seria a filiação de Damião e Lígia ao PT, algo difícil de imaginar pelas relações que ambos possuem com a direção nacional do partido de Brizola.
De todo modo, o anúncio do presidente nacional do PDT Carlos Lupi de que a Dra Lígia vai colocar novamente o nome para disputar o governo tem cara de bode e cheiro de bode.
O plano é tentar atrair as bases de Ricardo Coutinho e Luciano Cartaxo, que apoiam Lula mas não se misturam com o governador.
Mas não será uma tarefa fácil pois Ricardo e Luciano votam no ex-presidente Lula (PT) e Lígia no ex-ministro Ciro Gomes (PDT).
Mas ninguém pode subestimar Dr. Damião. Ele já provou diversas vezes que sabe tirar de onde não tem e colocar onde não cabe.