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Podcast sobre Rita Lee explica apelo da cantora para novas gerações
16/08/2021 / 16:08
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TETÉ RIBEIRO

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Rita Lee já foi notícia esse ano. Aos 73 anos, a cantora e compositora lançou, em abril, junto de seu marido e parceiro Roberto de Carvalho, o álbum “Rita Lee & Roberto: Classix Remix Volume 1”, com produção e curadoria do filho João Lee. São músicas da dupla que fizeram muito sucesso nas décadas de 1980, 1990 e 2000, remixadas por DJs e produtores convidados.

Em maio, foi a vez do “Rita Lee & Roberto: Classix Remix Volume 2” chegar. Mas o lançamento foi ofuscado por uma notícia triste. No mesmo mês, Rita descobriu um tumor no pulmão esquerdo durante uma consulta de rotina. Ela anunciou em suas redes sociais que iria iniciar tratamento de imunoterapia e radioterapia, e que estava “bem assistida por uma junta médica”.

No mês passado, ela completou a trilogia com “Rita Lee & Roberto: Classix Remix Volume 3”. E, desde o dia 27 de julho, é a homenageada da segunda edição da série de podcasts “Identidade Musical”, produzida pela gravadora Universal e pela produtora Milk Podcasts -o primeiro foi Zeca Pagodinho.

São quatro episódios de mais ou menos 25 minutos cada um. É possível maratonar tranquilamente, sem correr o risco de ouvir tanta informação ao ponto de, ao final, não lembrar de nada.

Divididos por temas como início da carreira, sucesso, influência sobre outros artistas e parceria com Roberto de Carvalho, os episódios misturam depoimentos de músicos como Tom Zé, Marisa Monte, Marina, Letrux, Gloria Groove, a apresentadora Xuxa, a jornalista Sarah Oliveira, os produtores Nelson Motta e Guto Graça Mello, os filhos João e Beto e também de Rita e Roberto, que raramente dão entrevistas.

Narrado de maneira pouco descontraída por Adriana Pena, uma das criadoras do projeto, a série não chega a revelar nada muito importante sobre a vida da homenageada, que já fez isso, com muito mais verdade e ousadia, em sua autobiografia lançada em 2016 e chamada, justamente, “Rita Lee: Uma Autobiografia”.

Mas não deixa de ter seus atrativos. O maior trunfo é ter os direitos autorais das músicas de Rita, cedidos pela própria Universal, assim como pela editora de música Warner Chappell, detentora dos direitos das letras das canções. Isso sim é um feito raro no mundo dos podcasts, e faz aqui toda a diferença.

Não é por acaso que as trilhas dos podcasts são quase sempre compostas especialmente para serem usadas nessa mídia, no lugar de grandes hits, que talvez deixassem tudo muito mais divertido. Usar um trecho de uma canção popular, por menor que seja, custa. E não é que usar dez segundos é baratinho, e usar a música inteira fica mais caro. Botou um acorde na trilha, tem que pagar direitos autorais.

Mas, nesses quatro episódios, isso não é um problema. Cada vez que Rita, Roberto, Guto, Beto, João, Marisa ou qualquer entrevistado se refere a uma música, ou a uma fase da trajetória da artista, ou mesmo a um trechinho de uma gravação específica, a gente ouve a canção, nem sempre inteira, mas tempo o suficiente para se lembrar dela, se envolver com a melodia, perceber a sutileza, ou a ousadia, ou a safadeza, ou ao senso de humor da letra a que a pessoa se referia.

Assim, mesmo os devotos da faceta mais roqueira de Rita, que podem não ter nenhum carinho especial pelas baladas românticas ou pelas músicas mais pops, dançantes, que tomaram conta do catálogo dela depois da associação com Roberto de Carvalho, têm a oportunidade de, ouvindo de novo, repensar o que sentem por, por exemplo, “Mania de Você” ou “Lança Perfume”, alguns dos maiores sucessos do casal.

Os fãs mais fiéis já devem ter lido a autobiografia, mas podem achar alguma graça nas histórias de bastidores, que não são muitas nem muito picantes.

As gerações mais novas, que já chegaram com o bonde de Rita andando -a propósito, dá um pouco de raiva a narradora se referir a ela como “vovó Rita”, mesmo que a própria agora se chame assim- podem começar a entender por que, afinal, ela é tão adorada. E quem não conhece nada pode ser apresentado e virar fã. Esse seria um grande feito.

IDENTIDADE MUSICAL – RITA LEE
Onde: Spotify, Deezer, Apple Podcasts
Produção: Universal Music Brasil e Milk Podcasts
Apresentação: Adriana Penna
Avaliação: Bom