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Succession escancara tragédia familiar em sua melhor temporada
19/12/2021 / 11:06
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Que os Roy, os bilionários ao centro de Succession, não eram exemplo de uma família saudável e bem-ajustada, já estava claro desde a primeira temporada da série criada por Jesse Armstrong para a HBO. Mas o terceiro ano da produção resolveu mergulhar de vez nas feridas deixadas pelo magnata Logan (Brian Cox) em seus filhos, escancarando uma tragédia familiar marcada por traições e desprezo.

No fim, não há como usar meias-palavras: se tem algo que ficou mais claro do que nunca no episódio final da temporada, “All The Bells Say”, é que Kendall (Jeremy Strong), Shiv (Sarah Snook), Roman (Kieran Culkin) e Connor (Alan Ruck) não têm a consideração ou o respeito do pai, mesmo fazendo tudo para caírem em suas boas graças e receberem a aprovação que tão desesperadamente buscam.

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Mais do que conflitos com acionistas, concorrentes ou a Justiça americana, o grande motor da temporada, especialmente em sua reta final, foi seu componente emocional, algo que a trama, acertadamente, explorou aos poucos para dar a dimensão do estrago causado pelo patriarca. Não importa se o episódio girava em torno de política ou de negociatas: no fim, a vontade de Logan prevalecia – mesmo que às custas dos filhos. Não por acaso, o ápice do ano foi uma dolorosa cena do finale compartilhada por Kendall, Shiv e Roman, os três se dando conta de que nunca iriam ganhar nos jogos propostos pelo pai.

Nada disso é usado, no entanto, para transformá-los em “pobre crianças ricas”. Succession reconhece que seus protagonistas são, em inúmeros níveis, detestáveis. Mas a temporada acerta ao indicar como essas posturas estão intrinsecamente ligadas a uma dinâmica familiar disfuncional e abusiva. Os filhos de Logan, desde o início, nunca tiveram chance.

Em oposição aos herdeiros Roy, a dupla dinâmica formada por Tom (Matthew McFayden) e Greg (Nicholas Braun) brilhou ainda mais. Os dois outsiders da família entregaram momentos cômicos e, reconhecendo a vulnerabilidade de suas posições, traçaram suas próprias estratégias e deixaram as máscaras cair, em uma das reviravoltas mais interessantes já entregues pela série.

Muito se deve, claro, ao texto brilhante da série, que soube conduzir a trama com paciência e deixar pequenas pistas sobre o que viria adiante. A menção de Tom ao imperador romano Nero é o exemplo mais emblemático disso. Mas não há como não ressaltar o trabalho, igualmente brilhante, do elenco: da ferocidade de Brian Cox à atuação contida e levemente debochada de Sarah Snook, passando pelas idiossincrasias que Jeremy Strong e Kieran Culkin trouxeram a seus personagens e pela mistura de humor e tristeza que McFayden deu a seu Tom, os atores da série entregaram algumas das melhores performances do ano.

Ao fim, Succession consagra sua terceira temporada cheia de dramas e nuances como a melhor até agora – e uma das melhores coisas que TV americana produziu este ano.

Informações: Omelete