Bolsonaro prestou depoimento por mais de duas horas, nesta quarta-feira (26), sobre os atos criminosos do dia 8 de janeiro durante ataque aos Três Poderes em Brasília.
Além de Bolsonaro, estiveram presentes representantes da Procuradoria-Geral da República (PGR), Fabrício José da Fonseca e Olavo Evangelista Pezzotti, os delegados da PF, Raphael Soares Astini e Alexandre Camões Bessa, e os advogados de Bolsonaro, Paulo Amador Thomaz Alves, Daniel Bettanio Tesser e Fábio Wajngarten.
O ex-presidente foi ouvido no inquérito como instigador, pelas postagens na internet sobre o resultado das eleições presidenciais do ano passado.
Principalmente, por uma postagem no dia 10 de janeiro, dois dias após os atos, na qual questionava, mais uma vez, as urnas eletrônicas e o resultado eleitoral, mas foi apagada logo em seguida.
Segundo a PF, os “instigadores” são aqueles que, de alguma forma, alimentaram e instigaram ações de quem não aceitava o resultado das urnas, o que culminou nos atos antidemocráticos.
Bolsonaro passou a ser investigado formalmente nesta categoria após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendendo a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR).
Esta foi a segunda vez que Bolsonaro será ouvido pela PF desde que deixou o governo. A primeira vez foi no dia 5 de abril, mas referente ao caso das joias trazidas da Arábia Saudita.
Leia a íntegra do depoimento de Bolsonaro à PF
Cientificado que, caso tenha envolvimento com os fatos criminosos investigados, tem o direito de permanecer em silêncio, de não produzir provas contra si mesmo e de ser assistido por um advogado.
Inquirido a respeito dos fatos investigados, RESPONDEU:
QUE, inicialmente, os advogados apresentam o declarante para prestar esclarecimentos a respeito da postagem em vídeo na rede social FACEBOOK no dia 10/01/2023, como foi requerido pelo Ministério Público Federal;
QUE fica à disposição para prestar novos esclarecimentos sobre outros fatos de interesse da investigação em outra oportunidade;
QUE, no dia 08/01/2023, fez uma postagem na rede social TWITTER repudiando os atos de vandalismo ocorridos no mesmo dia;
QUE a rede social TWITTER é a que utiliza com maior frequência;
QUE o FACEBOOK é a rede social que o declarante menos utiliza;
QUE, no dia 08/01/2023, passou mal com obstrução intestinal;
QUE acionou o médico na madrugada do dia 09/01/2023 e permaneceu internado do dia 09/01/2023 até a tarde do dia 10/01/2023;
QUE, enquanto esteve internado, foi medicado com morfina, conforme documentação médica apresentada;
QUE, no dia 10/01/2023, tão logo saiu do hospital, já em sua residência, visualizou o vídeo postado na página do FACEBOOK de uma pessoa desconhecida, que se interessou em assisti-lo com mais cuidado posteriormente;
QUE tem o costume de encaminhar todas as postagens que lhe interessam para o seu WHATSAPP particular para posterior visualização;
QUE, para encaminhar para o WHATSAPP, precisa acionar a opção compartilhar;
QUE, ao acionar a opção compartilhar, é aberto um menu de opções de ícones de diferentes aplicativos (Instagram, Whatsapp, E-mail, SMS e FACEBOOK);
QUE, todavia, ao clicar duas vezes na opção compartilhar, o vídeo passa a constar nas postagens da sua própria página no FACEBOOK;
QUE o declarante apresentará vídeo ilustrativo do procedimento de compartilhamento;
QUE este vídeo foi postado sem seu real interesse em publicá-lo;
QUE o declarante não tem o hábito de repostar vídeos de pessoas desconhecidas;
QUE foi alertado que houve uma postagem em seu FACEBOOK;
QUE, ao perceber o erro, providenciou a retirada da postagem;
QUE não sabe se essa postagem foi repostada por outras pessoas e que não leu ou acompanhou qualquer comentário;
QUE, em relação ao conteúdo do vídeo, considera a Eleição de 2022 uma página virada em sua vida;
QUE, indagado a respeito de sua opinião sobre o processo eleitoral, afirma que, ao postar o vídeo, não havia o assistido em sua integralidade e, em momento algum, emitiu juízo de valor sobre ele;
QUE não conhece a pessoa que fez o discurso no vídeo postado;
QUE se fosse a intenção de divulgar o vídeo para os seus seguidores, o faria em todas as suas redes sociais e não apenas na sua rede social de menor repercussão;
QUE, em relação a demais fatos que tratem da questão eleitoral, poderá prestar esclarecimentos posteriormente;
QUE, por fim, o declarante reitera que repudia e condena todo e qualquer ato que vise a abalar a ordem democrática e que durante os seus quatro anos de governo sempre atuou dentro das “quatro linhas” da Constituição Federal.
Nada mais havendo, este Termo de Declarações foi lido e, achado conforme, assinado pelos presentes.
F5 com CNN