João Pessoa 25.13ºC
Campina Grande 23.9ºC
Patos 24.3ºC
IBOVESPA 127122.25
Euro 5.5346
Dólar 5.1109
Peso 0.0059
Yuan 0.7058
Governo deve anunciar novo valor da bandeira tarifária da conta de luz nesta terça (31)
31/08/2021 / 09:52
Compartilhe:

RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – O governo deve anunciar nesta terça-feira (31) o novo valor da bandeira tarifária cobrada na conta de luz para bancar a operação de usinas térmicas. A expectativa é que o valor seja elevado em ao menos 50%.

A proposta de cobertura adicional dos custos das térmicas foi discutida apresentada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) ao CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) nesta segunda (30). O governo, porém, não confirmou o novo valor.

Atualmente, os consumidores pagam R$ 9,49 a cada 100 kWh (quilowatt-horas) consumidos. Se confirmado o aumento nesta terça, será a segunda elevação do valor desde o fim de junho, quando a bandeira mais cara foi reajustada em 52%.

A alta no preço da energia é um dos principais fatores de pressão na inflação, que deve superar os 7% em 2021, segundo projeções de instituições financeiras compiladas pelo relatório Focus, do Banco Central.

Com a maior crise hídrica dos últimos 91 anos, as hidrelétricas perderam espaço na oferta, enquanto o governo se viu obrigado a acionar térmicas, que são mais poluentes e mais caras.

Na reunião desta segunda, o CMSE aprovou a operação de três novas térmicas, como reforço à capacidade de geração para evitar apagões em horários de maior demanda enquanto as chuvas não chegam para reforçar os reservatórios das hidrelétricas.

A lista inclui as usinas Uruguaiana, no Rio Grande do Sul, e Cuiabá, no Mato Grosso, que poderão ser acionadas entre outubro e março de 2022. Já a usina Termonorte 1 poderá ser acionada por um período de seis meses a partir de setembro de 2021.

“Os cenários apresentados pelo Operador [Nacional do Sistema Elétrico] reforçam a criticidade do momento”, disse, em nota, o MME (Ministério de Minas e Energia). O texto afirma, porém, que as medidas já tomadas garantem o atendimento do mercado nos cenários analisados.

Especialistas do setor dizem que, para absorver o elevado custo das térmicas, a bandeira vermelha nível dois, mais cara e vigente atualmente, deveria dobrar. Para a TR Soluções, o valor ideal chegaria a R$ 19 a cada 100 kWh.

A crise levou o presidente Jair Bolsonaro a admitir, na semana passada, que hidrelétricas podem parar de operar por falta de água. “Estamos no limite do limite. Algumas [hidrelétricas] vão deixar de funcionar se essa crise hidrológica continuar existindo”, disse.

Segundo a consultoria Volt Robotics, o Brasil tem hoje 30 hidrelétricas já sofrendo perda de potência por causa dos baixos níveis dos reservatórios. O impacto na geração de energia soma 7 GW (gigawatts), o equivalente à metade da capacidade de Itaipu, a segunda maior hidrelétrica do mundo.

A perda de potência ocorre em usinas que hoje operam com menos de 25% de sua capacidade de armazenamento de água. Elas somam uma potência instalada de 23,5 GW, o equivalente a um quinto da capacidade hidrelétrica brasileira, e as perdas tendem a se acentuar na medida em que os rios continuem baixando.

Segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), algumas dessas usinas podem chegar a novembro com menos de 10% de sua capacidade de armazenamento de energia, caso o país não consiga novas fontes de geração e não tenha sucesso no incentivo à economia de luz.