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Pesquisadora vê redução de mensagens de ódio de grupos extremistas
15/04/2023 / 17:07
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As investigações contra os grupos que incentivam ataques a escolas e formas semelhantes de violência têm conseguido reduzir a circulação desse tipo de conteúdo na internet. Essa é a avaliação da pesquisadora Michele Prado. Apesar de contas que foram suspensas terem reaparecido, agora, segundo ela, os extremistas têm restringido o acesso aos conteúdos.

“Algumas contas foram recriadas por usuários que eu acompanho já há muito tempo. A maioria deles está deixando as contas privadas”, diz.

Michele monitora grupos que promovem e incentivam ataques desde 2020. A pesquisadora faz parte do Monitor Do Debate Político no Meio Digital da Universidade de São Paulo (USP) e é autora dos livros “Tempestade Ideológica – Bolsonarismo: A alt-right e o populismo iliberal no Brasil” e “Red Pill – Radicalização e Extremismo”.

Em plataformas de jogos online, que parte desses grupos usam para comunicação, os próprios extremistas têm retirado os conteúdos do ar de forma a evitar a identificação. “Às vezes o próprio criador do servidor desconfia que tem infiltrados e derruba [o servidor]”, conta a pesquisadora a partir do monitoramento feito nas últimas semanas.

Para Michele, diminuir o acesso a conteúdos que incitam à violência é uma forma de reduzir o risco de ataques. “Quanto mais conteúdo inspiracional circula, mais potenciais imitadores a gente tem. Então, o fato de ter conseguido derrubar esse conteúdo que inspira, atua de forma positiva para a gente tentar diminuir o potencial de novos atentados”, destacou. Ela está trabalhando em um relatório para ajudar a embasar as ações do Ministério da Justiça nesse sentido.

Uma medida que Michele considera útil para reduzir a circulação desse tipo de conteúdo na rede é a criação de um banco com a identificação digital de conteúdos que já tenham sido apontados como incitadores de violência. “Então, você cria um banco de dados com as impressões digitais e manda para essa plataforma. Ela precisa ter um compromisso para que quando um conteúdo desses subir, ela própria o derrube sem que haja necessidade de denúncia de usuários”, defende.

Comunidades de ódio

Segundo a pesquisadora, essas comunidades reúnem jovens entre 10 e 25 anos de idade, de acordo com o que eles mesmos declaram nesses espaços de discussão. Esses adolescentes se relacionam por afinidade com temas como a misantropia. “Um ódio à humanidade. Ódio ao ser humano. Esse é a principal característica” enfatiza a pesquisadora. Há ainda a misoginia, de ódio a mulheres, e o antissemitismo, de ódio a judeus.

Essas mensagens também são distribuídas por redes sociais e usam, muitas vezes, uma estética chamada de fashwave, com cores brilhantes e visual que remete a década de 1980. Os conteúdos desse tipo têm sido uma marca da extrema direita em diversas partes do mundo, como entre os apoiadores do ex-presidente norte-americano Donald Trump.

Agência Brasil