SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O relato que Tomás Covas, 15, faz dos últimos dias do pai, Bruno Covas (PSDB), é de um paciente que manteve a esperança até o último momento.
“Ele foi muito guerreiro, ele batalhou muito”, disse o adolescente, neste domingo (23), em entrevista ao Fantástico. “A gente sentia a vontade que ele tinha, o sorriso no rosto no dia a dia”.
Segundo o relato do adolescente, os dois nunca conversaram sobre a morte. Apesar da piora no quadro de saúde em decorrência de câncer, o prefeito licenciado mantinha o otimismo.
“Teve a piora, mas ele estava muito positivo”, afirma Tomás.
Na última conversa, Covas desejou sorte para o filho em uma prova no colégio. O adolescente não sabia que seria o último diálogo entre os dois. No dia seguinte, encontrou o pai sedado e ficou abalado.
“Foi muito forte pra mim. Fiquei mal, muito mal. Depois de uma hora tentei ficar um pouco mais tranquilo, voltei lá e fiquei 100% do tempo do lado dele”, conta.
Covas morreu no dia 16 de maio, um domingo, às 8h20, em decorrência de um câncer na transição esôfago gástrica, com metástase e outras complicações. A doença foi diagnosticada em 2019 e desde então o prefeito passou por um longo tratamento.
Tomás e a mãe, Karen Ichiba, estavam ao lado de Covas no Hospital Sírio Libanês. Na madrugada, o adolescente havia dormido segurando a mão do pai, com a cabeça encostada no leito hospitalar.
“Teve uma sensação de que ele esperou eu aceitar e conversar com ele sobre isso”, diz o estudante. “A gente ficou do lado dele, abraçou e falou para ele descansar”.
O cachorro da família, Volpi, também foi visitar o prefeito licenciado um dia antes da morte. Segundo Tomás, o cachorro subiu em uma cadeira para cheirar Covas.
Durante o tratamento, Tomas afirma que viu o pai chorar apenas uma vez. Foi quando o câncer avançou para os ossos e Covas decidiu pedir licença do cargo para o vice, Ricardo Nunes (PMDB), assumir.
“Eu falei que ia dar certo, que a gente iria vencer”, lembra o adolescente.
Os dois viveram vários momentos juntos e em público nos últimos dois anos. Antes das imagens de Tomás ao lado do pai no hospital, eles apareceram em jogos dos Santos, eventos políticos e até em um salto de paraquedas.
O então prefeito foi ao Rio de Janeiro para assistir à final da Copa Libertadores, entre Palmeiras e Santos, no Maracanã, ao lado do filho. Os dois foram convidados pela CBF para ver a partida. A presença de Covas em um evento público durante a pandemia provocou diversas críticas de adversários.
“Foi pelo coração. Ele tinha esse desejo de me levar em uma final da Libertadores”, disse Tomás ao Fantástico.
Tomás defendeu que o pai fosse enterrado em Santos, cidade de importância histórica para a família, o que aconteceu na tarde de domingo (16). Covas foi sepultado no cemitério do Paquetá, mesmo local em que o avô, Mario Covas, foi enterrado há 20 anos.
O adolescente agora guarda uma caneta que o bisavô deu para o pai, com o nome dele gravado. No quarto do apartamento em que mora com a mãe, também tem fotos e diplomas de Bruno Covas, além de camisas e uma bandeira do Santos.